Corregedoria da Polícia Civil quer saber como arma apreendida voltou a circular em Rio Preto
Policiais que atuavam na delegacia onde o revólver foi apreendido serão ouvidos na investigação


A Corregedoria da Polícia Civil de Rio Preto instaurou inquérito de peculato para investigar como um revólver apreendido em 2017 pelo 4º Distrito Policial em ocorrência de homicídio foi parar nas mãos de um ourives de 42 anos sem porte de arma de fogo. A situação foi descoberta no dia 26 de outubro, após o homem ser preso em flagrante pela Polícia Militar com dois revólveres.
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Surpreendido durante patrulhamento de rotina, o suspeito afirmou que havia comprado as armas (uma calibre 32 e outra calibre 38) há uma semana pelo valor de R$ 9 mil.
O vendedor, segundo ele, seria um conhecido instrutor de tiros da cidade, que tem registro como CAC (caçador, atirador e colecionador).
Durante a elaboração do boletim de ocorrência, o delegado plantonista consultou a numeração das armas e se surpreendeu ao descobrir que o revólver calibre 38 constava no sistema como apreendido em 2017. A arma está relacionada ao homicídio de um adolescente de 16 anos morto por policiais militares durante suposto confronto no Solo Sagrado.
“Analisamos o inquérito físico, que está arquivado, e não localizamos nenhum despacho que informe sobre o encaminhamento da arma, portanto, encaminhamos o caso para apuração pela Corregedoria”, disse o delegado Mauro Truzzi, assistente do Deinter-5.
Atual coordenador do 4º Distrito Policial, o delegado Amauri Scheffer disse que determinou a elaboração de boletim de ocorrência de furto do revólver.
Por telefone, Fernando Campanelli Frey, delegado corregedor, disse que dois procedimentos foram instaurados pela Corregedoria: um criminal, para investigar possível cometimento de peculato por policial civil, e outro administrativo, que prevê sanções internas, como exoneração do cargo.
“Vamos fazer o caminho inverso. Analisar todos os documentos relativos ao inquérito e ouvir os policiais que trabalhavam na delegacia na época para descobrir o que aconteceu com essa arma. Se ela foi devolvida ao dono, se foi despachada para destruição pelo Exército ou se permaneceu apreendida pela Polícia Civil e foi desviada por um servidor”, explicou.
Frey afirmou ainda que deve intimar o instrutor de tiro apontado como vendedor das armas para que ele explique porque estava na posse do revólver apreendido.
“Espero que ele colabore com as investigações e, se adquiriu a arma de um policial, que informe para que as providências legais sejam tomadas”, completa.
Para o corregedor, uma informação relevante da ocorrência é que o revólver teve o número de série preservado.
“Quando uma arma é furtada ou desviada de maneira criminosa por servidor, o comum é que a numeração seja suprimida justamente para que se dificulte o rastreamento dela. Salta aos olhos que ela esteja circulando e foi parar novamente nas mãos de uma pessoa que não tem autorização legal para portá-la”, disse.
Em interrogatório, o ourives alegou que adquiriu os revólveres para proteção pessoal porque já foi vítima de roubo, mas que nenhuma das armas veio acompanhada de registro.
O inquérito que investiga o homem por porte ilegal de arma de fogo é conduzido pelo delegado Luciano Birolli, do 1º Distrito Policial. Questionado sobre o andamento da investigação, ele afirmou que decretou sigilo e só falará após a conclusão.