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MÚSICA

'O Tempo Não Para', de Cazuza, é relançado com músicas inéditas

Após 34 anos, o disco 'O Tempo Não Para' é relançado com sete músicas inéditas e um clipe, em homenagem ao aniversário de 64 anos de Cazuza, comemorado no último dia 4

por Rita Fernandes
Publicado em 08/04/2022 às 21:06Atualizado em 09/04/2022 às 08:10
Lézio Junior (Lézio Junior)
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Lézio Junior (Lézio Junior)
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Aclamado como um dos principais poetas da música brasileira, Cazuza era também um visionário: “Eu vejo o futuro repetir o passado”, disse, na música “O Tempo Não Pára”, que é um dos seus maiores sucessos e deu título ao quarto álbum solo – o último registro ao vivo do astro. O disco duplo, composto por dez faixas, foi resultado de shows realizados no Canecão, no Rio de Janeiro, entre os dias 14 e 16 de outubro de 1988.

Passados 34 anos, o futuro repete o passado. E o disco “O Tempo Não Pára” foi relançado em formato físico e digital, com sete músicas inéditas, em comemoração ao aniversário de 64 anos do cantor, celebrado na última segunda-feira, 4. O álbum, que já está disponível em todas as plataformas digitais, foi organizado pela Sociedade Viva Cazuza, presidida por Lucinha Araújo, mãe do artista.

Por questão de espaço, o LP original, lançado em 1989, deixou de fora sete músicas que Cazuza cantou no show do Canecão, realizado pela turnê do disco “Ideologia”, dirigido por Ney Matogrosso. Ao todo, a turnê contou com 44 apresentações. E o LP “O Tempo Não Pára” se tornou o maior sucesso comercial, superando a marca de 500 mil cópias vendidas.

Agora, o álbum revisitado retorna com a ordem original, incluindo as músicas “Vida fácil”, “Mal nenhum”, “Blues da piedade”, “Completamente blue”, “A orelha de Eurídice”, “Brasil” e “Preciso dizer que te amo.” Além disso, inclui um clipe inédito da música “Blues da piedade”, que já está disponível no canal oficial de Cazuza no YouTube. O clipe é dirigido por Bárbara Coimbra e conta com imagens do show e novas filmagens.

Já o clipe original de “O Tempo não Pára” foi dirigido pela rio-pretense Ana Arantes, morta em 13 de outubro de 2015. Aninha, como era conhecida a amiga pessoal de Cazuza, era diretora de televisão e fotógrafa, e também foi responsável pelos clipes "Ideologia" e “Burguesia”, entre outros. Aninha também foi autora da foto de contracapa do disco “Cores e Nomes”, de Caetano Veloso, lançado em 1978.

Singular

“O compartilhamento das novas músicas é bem importante para conectar essa nova geração com o Cazuza. Os jovens precisam conhecer a história dele enquanto artista e também enquanto um ser pensante dentro da contemporaneidade dele”, afirma o músico Vinicius Munhoz, da banda rio-pretense Johnnie Rock, que faz tributo ao Cazuza e Barão Vermelho.

“O Cazuza, para mim, foi extremamente importante, não só pela musicalidade. Ele me influenciou nos estudos e na minha linha de pensamento para a vida. Acredito que o Cazuza nunca foi tão atual como é hoje. Era um cara sensível, poeta, intelectual e com espírito jovem, cheio de energia e contra o sistema. Ele é singular – tanto para aquele tempo, como atualmente”, destaca.

Imagens dos clipes estão no MIS

Ana Arantes inovou ao colocar burgueses vendendo limão no farol, no clipe ‘Burguesia’ (Reprodução)
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Ana Arantes inovou ao colocar burgueses vendendo limão no farol, no clipe ‘Burguesia’ (Reprodução)

Antes de morrer, a produtora de vídeo Ana Arantes doou todo seu acervo fotográfico para o Museu da Imagem e do Som (MIS) Fernando Marques, em Rio Preto - o que inclui as imagens dos clipes do Cazuza. “Ela me deu negativos, fotos, slides e as câmeras fotográficas. Todos os originais estão comigo”, afirma o músico e historiador Fernando Marques, amigo e parceiro de Ana.

Também estão no MIS, as imagens originais do clipe “Burguesia”, vencedor do 32º New York Festival, em 1990. Ana Arantes recebeu medalha de ouro na categoria videoclip, ao competir com outros 3.100 trabalhos de 27 países.

Realizado pela produtora independente Vertevideo, o clipe "Burguesia" inovou por trocar de lugar empresários e menores abandonados. Assim, crianças apareceram em Limousine com champanhe enquanto os burgueses vendiam limões no sinal de trânsito. Ao fundo, Cazuza repete o refrão: "A Burguesia fede". As imagens em preto e branco foram feitas por Ana Arantes durante pequenas viagens com Cazuza e um grupo de amigos, e ganharam efeitos gráficos. (RF)