Advogada é agredida por PMs ao intervir em abordagem na saída de evento em Rio Preto
"Perguntei por que estavam batendo em uma mulher negra e fui agredida com cassetete", disse a defensora; namorado dela, que também é advogado, foi agredido

Uma advogada de 27 anos denunciou à Polícia Civil ter sido agredida por policiais militares na madrugada desta quarta-feira, 22, ao intervir em favor de uma mulher que estaria sendo agredida pelos mesmos agentes. O caso aconteceu por volta das 2h30, na saída de um evento de carnaval realizado no Recinto de Exposições de Rio Preto. Parte da abordagem foi filmada pela defensora. A Polícia Militar informou que vai instaurar procedimento para apurar o ocorrido.
Por telefone, a advogada contou que estava saindo com o namorado do festival quando viu policiais militares agredindo uma mulher negra. “Me aproximei, me identifiquei como advogada e perguntei o que estava acontecendo. Eles nem olharam na minha cara. Passaram uma rasteira em mim, me derrubaram no chão e me agrediram com golpes de cassetete”, conta.
O namorado dela, que também é advogado, tentou impedir a agressão e também foi golpeado nas costas.
Segundo a advogada, após a violência ela começou a filmar os policiais com o celular. Um deles tomou o aparelho e jogou no chão, danificando a tela. “Exigi que eles me conduzissem para a delegacia, para relatarmos o que aconteceu, mas eles entraram na viatura e foram embora”, disse.
Ela e o namorado seguiram para a Central de Flagrantes e registraram boletim de ocorrência de lesão corporal e dano. O vídeo gravado pela advogada foi apresentado aos policiais civis e, por meio das imagens, foi possível identificar um sargento e a viatura utilizada pelos PMs.
Fotos mostram lesões na perna da mulher e nas costas do namorado. Eles passarão por exame de corpo de delito ainda nesta quarta-feira.
A mulher negra que, de acordo com a advogada, estava sendo agredida, não foi identificada. “Como mulher e advogada, eu não poderia ver uma mulher preta sendo agredida por policiais e ignorar. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, justifica.
Comando da PM apura o caso
Em nota, a Polícia Militar afirmou que não tomou conhecimento formal da denúncia de violência policial. "Em casos como esse, há a remessa dos registros por parte da Polícia Civil para que façamos a apuração do ocorrido", afirmou.
A PM disse ainda que, diante da necessidade de apurar rapidamente o ocorrido, "o comandante do 17° BPM/I já instaurou procedimento investigatório no âmbito da polícia judiciária militar e está pedindo celeridade no encaminhamento dos registros realizados na Polícia Civil."
"A Polícia Militar não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta ou cometimento de excessos por parte de seus policiais, sempre prezando pela legalidade, e todas as denúncias são apuradas por meio do devido processo legal", finaliza a nota.