Bombeiro de Rio Preto, que é daltônico, se emociona ao enxergar cores pela primeira vez
Colegas de farda o presentearam com um óculos especial

“O que era preto e branco ficou totalmente colorido, como se tivesse me levado para o céu e me trazido de volta”. O relato é do soldado Lincoln Rafael Possidonio, do 13º Grupamento de Bombeiros de Rio Preto, que é daltônico e foi surpreendido por colegas de farda com um óculos especial que possibilita reconhecer cores.
A reação de encantamento do bombeiro com um universo colorido – e até então desconhecido, emociona. Ao colocar os óculos, ele cai de joelhos, surpreso com “as cores escondidas na nuvem da rotina”, como cantou O Rappa.
A ideia surgiu em uma pausa para o café, quando o soldado Willian Dorta percebeu que o colega Lincoln não conseguia distinguir as garrafas azul e preta.
Ele fez uma arrecadação entre bombeiros das prontidões (equipes) verde, amarela e azul e, juntos, adquiriram o óculos especial, que custa em torno de R$ 1,5 mil.
Ao colocá-lo, Lincoln fica maravilhado com as cores do caminhão, do giroflex da viatura e com a foto de um ipê amarelo no celular.
“Eu nasci com daltonismo, descobri essa condição em 2014. Tive dificuldades na infância, e ao longo da vida. Para quem também tem essa condição, como eu, que sou 100% daltônico, queria dizer que existem formas de viver, mas hoje eu garanto que minha vida é muito melhor, muito mais colorida”, disse.
Condição genética
O oftalmologista Marcelo Pádua, do Instituto dos Cegos, explica que o daltonismo é uma condição genética que altera células da retina responsáveis pela captação das cores primárias.
“Os homens são mais propensos ao daltonismo. O tipo mais comum é o de pessoas que não conseguem reconhecer verde, vermelho e azul. Os casos de ausência total de cores são considerados raros”, diz.
O especialista menciona que o diagnóstico é realizado por meio do “Teste de Ishihara”, em que o paciente é apresentado a cartões com números coloridos dentro. Se ele disser que não consegue enxergar o número, o daltonismo é detectado.
Pádua corrobora a fala do bombeiro de que a repercussão na rotina é pequena, motivo pelo qual os óculos representam mais uma curiosidade sobre a percepção do mundo colorido do que uma real necessidade.
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