Dengue deixa Rio Preto em situação de alerta
Pior cenário da cidade está no Solo Sagrado, cujo índice predial apresenta classificação de risco, mas situação preocupa também em outros bairros; neste ano, Rio Preto teve a pior epidemia da história

O Índice de Infestação Predial de outubro divulgado nesta terça-feira pela Prefeitura põe Rio Preto em situação de alerta para casos de dengue, doença que só neste ano fez mais de 50 mil vítimas e causou 40 mortes na cidade. O índice geral médio apurado sinaliza 1,1, enquanto o Ministério da Saúde considera como aceitável abaixo de 1, mas o cenário piora quando se analisa por bairros.
O Solo Sagrado, por exemplo, está com índice 4,1. Os níveis de risco de transmissão são classificados como baixo (até 1%), médio (1% a 3,9%) e alto (acima de 4,0%).
O Índice de Infestação Predial (IIP) é a porcentagem de imóveis com larvas do mosquito Aedes aegypti. É calculado dividindo o número de imóveis com focos do mosquito pelo número total de imóveis visitados e multiplicando o resultado por 100.
Com base nesse monitoramento, a coordenadora de Vigilância em Saúde do município, Andreia Negri, explicou durante sessão na Câmara Municipal que o município vai intensificar as ações em áreas consideradas prioritárias. Além do Solo Sagrado, cujo índice predial de outubro foi de 4,1, outros bairros como São Francisco (3,95), Santo Antônio (3,51), Gabriela (3,8) e Vetorasso (1,93) estão em estado de alerta.
Aos vereadores, a porta-voz da Saúde apresentou as estratégias definidas pela administração para que a cidade não enfrente uma nova epidemia, como a do começo do ano. Entre as ações previstas estão o monitoramento semanal da situação epidemiológica, abertura antecipada de atas de registro de preço e previsão de centros de hidratação.
Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou investimento de R$ 183,5 milhões para apoiar municípios no controle de vetores, visando a redução da capacidade de transmissão da dengue, zika e chikungunya.
Sobre os bairros com mais casos de criadouros do mosquito, Andréia Negri afirmou que haverá mutirão. “Essas áreas nós já estamos direcionando as ações de sábado (dia 8)”, disse. Ela chamou atenção para a baixa cobertura vacinal entre o público-alvo do imunizante contra a dengue, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
“Rio Preto é um dos poucos municípios que recebem a vacina de dengue do Ministério da Saúde, porém, a nossa cobertura está em 32%, muito baixa”.
De acordo com o relatório da Secretaria de Saúde, dos 6,8 mil faltosos, 5.553 são crianças.
A grande preocupação, segundo a coordenadora de Vigilância em Saúde, é com o agravamento dos casos de dengue – já que muitos moradores tiveram a doença no ano passado e a segunda contaminação tende a ser mais perigosa.
Apesar disso, a expectativa é que sejam registrados menos casos de dengue entre o final deste ano e o começo do ano que vem, em relação ao período de pico anterior.
Negri mostrou que Rio Preto apresentou redução das notificações de dengue e do índice de positividade a partir de junho deste ano em comparação com os mesmos meses de 2024.
Em setembro, a Secretaria de Saúde apresentou ao Conselho Municipal de Saúde um Plano de Contingência que reúne as ações já implementadas pela pasta desde o começo do ano, como capacitação de agentes de saúde, aplicação de produto residual em locais com potencial para criadouros (como casas abandonadas e ferros-velhos) e utilização de larvicidas.
O documento estabelece ainda ações estratégicas como integração com a Secretaria de Serviços Gerais, funcionamento de postos de saúde a noite, intensificação das visitas de agentes de saúde, leitos de hidratação e abertura antecipada de atas de registro de preços de medicamentos, insumos, equipamentos e mobiliário.
Fernando Araújo, presidente do Conselho Municipal de Saúde, considerou o plano satisfatório, por levar em conta diversos cenários e alternativas para enfrentamento das arboviroses.
“O mais importante é o monitoramento do vetor e da circulação da doença, realizando bloqueios estratégicos pelos agentes de saúde. O plano demonstra que o município estabeleceu um planejamento financeiro e estrutural, especialmente neste momento, de forte calor e início das chuvas”, disse.
Segundo o Governo Federal, 30% dos municípios brasileiros estão em situação de alerta para a dengue. Com os R$ 183,5 milhões previstos, o Ministério da Saúde ampliará o uso de tecnologias de controle vetorial para redução da capacidade de transmissão, como o método Wolbachia, presente em 12 municípios, com expansão planejada para mais 70 cidades, incluindo 13 delas ainda em 2025.