Grupo da região de Rio Preto é suspeito de coletar e vender sangue de gatos de rua
Duas pessoas de Bady Bassitt e uma de Rio Preto estão entre suspeitos de coletar sangue de gatos de rua clandestinamente e fornecer para clínica especializada em transfusão em outros pets

A Delegacia de Polícia de Monte Alto investiga cinco pessoas suspeitas de participar de um esquema ilegal de coleta de sangue de gatos para uma clínica veterinária de Rio Preto. São dois moradores de Bady Bassitt, um homem de Rio Preto e duas mulheres residentes em Monte Alto. Com o grupo, foram apreendidas aproximadamente 100 ampolas de sangue felino. Eles respondem pelos crimes de maus-tratos contra animais e até por exercício ilegal da profissão, já que um deles seria estudante de veterinária.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no Plantão Policial de Jaboticabal, a ação começou após uma denúncia feita por uma moradora. Ela informou que, em um storie de WhatsApp, um homem oferecia R$ 50 a tutores de gatos interessados em permitir a retirada de sangue de seus animais. Fingindo interesse, a denunciante entrou em contato e recebeu o endereço do local onde a coleta seria feita.
Ao chegarem à residência indicada, uma equipe da Guarda Civil Municipal de Monte Alto encontrou seis gatos desacordados, equipamentos veterinários e frascos com sangue já coletado. No local estavam quatro pessoas — uma delas seria a proprietária da casa, que afirmou ter permitido o uso do espaço e dos animais sob o argumento de que o sangue seria usado para salvar outros gatos. Nenhum dos presentes, porém, possuía formação em medicina veterinária nem autorização legal para realizar o procedimento.
“Havia objetos para retirar sangue, como ampolas e seringas. O material estava sendo armazenado em um frigobar instalado na própria casa”, disse o delegado de Monte Alto, Marcelo Lourenço dos Santos.
Clínica de Rio Preto
Os envolvidos alegaram trabalhar como freelancers para uma clínica de banco de sangue animal, sediada em Rio Preto, que teria encomendado o material para uso comercial. A investigação agora busca confirmar se o grupo realmente prestava serviços para uma clínica de Rio Preto, como afirmaram os suspeitos.
“Um deles mencionou que trabalhava para uma clínica de Rio Preto, mas, por enquanto, essa informação consta apenas na declaração dele. A verificação continua em andamento”, completou o delegado.
A Polícia Civil determinou a prisão em flagrante de três pessoas — duas mulheres e um homem — e a apreensão dos equipamentos, frascos de sangue e celulares usados na prática. Outros dois suspeitos foram ouvidos e liberados, mas seguirão sob investigação.
Os presos foram encaminhados à Cadeia Pública de Pradópolis. As mulheres foram liberadas em audiência de custódia, mas o homem segue preso, já que o flagrante foi convertido em prisão preventiva.
OUTRO LADO
Em nota assinada pelo escritório Sátiro Advocacia, a clínica de Rio Preto afirmou que "repudia veementemente qualquer forma de maus-tratos a animais e não compactua com atitudes que possam causar sofrimento aos doadores ou a qualquer animal sob seus cuidados".
Segundo a clínica, "a prática de doação de sangue animal no Brasil é comum, necessária e plenamente legal, sendo essencial para salvar vidas em procedimentos veterinários de urgência e emergência. Atualmente, não existe legislação específica que regulamente bancos de sangue veterinário, operando o setor sob os princípios gerais da medicina veterinária, as normas do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e a legislação de proteção animal".
A defesa diz ainda que "manifesta sua solidariedade ao estudante de medicina veterinária e a todas as pessoas envolvidas neste episódio. Confiamos que a lei prevalecerá, garantindo a observância de procedimentos justos e equitativos, com pleno respeito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. A empresa permanece à disposição das autoridades competentes, da imprensa e da sociedade para prestar todos os esclarecimentos necessários, reiterando seu compromisso inabalável com a verdade, a ética profissional e o bem-estar animal".