Júri em Rio Preto é cancelado após advogado sentir-se ameaçado
Nomeado pela Defensoria Pública, Diego Carretero pediu renúncia do processo

A pedido da defesa, a juíza Beatriz Mariani dissolveu o conselho de sentença e cancelou o Júri Popular que era realizado na tarde desta terça-feira, 21, no Fórum de Rio Preto.
No banco dos réus estava o pedreiro José Ediberto Timóteo da Silva, 58 anos, acusado de matar o enteado Hiago Fiuza queimado em setembro de 2022.
Ele era representado pelo advogado Diego Carretero, nomeado por meio de convênio com a Defensoria Pública - situação quando o réu não tem condições de custear advogado particular.
Segundo o apurado pela reportagem, após o sorteio do conselho de sentença, formado por seis homens e uma mulher, a mãe de Hiago, Raquel Fiuza, foi ouvida como testemunha de acusação.
Muito abalada, ela desmaiou durante as perguntas e a participação dela foi dispensada.
Enquanto era ouvida, o réu foi retirado do plenário sob escolta policial.
Segundo o advogado Diego Carretero, enquanto conversava com os demais advogados presentes no plenário, uma pessoa que se encontrava entre o público posicionou-se próximo a eles, “encarando-os”.
"Perguntei por que ele estava me encarando, ele respondeu que estava encarando mesmo. Me senti ameaçado, retirei minha beca e anunciei que estava saindo do caso", disse ao Diário.
A reportagem apurou que trata-se de um amigo de Hiago.
O advogado solicitou ainda que o rapaz fosse identificado, o que foi acatado pelos serventuários da Justiça. Ele pretende registrar boletim de ocorrência por ameaça.
A juíza cancelou o júri e determinou que o processo retorne à Vara do Júri para redesignação de nova data.
"Quanto à alegação de falta de policial no plenário, ressalto que o réu foi apresentado devidamente escoltado pela Polícia Militar e diante da retirada do réu do plenário para oitiva da testemunha, os policiais o acompanharam, mas permaneceram na sala adjacente”, justificou a magistrada.
Contratada pela família como assistente de acusação, a advogada Claudionora Tobias lamentou o ocorrido.
"Realizar mais um julgamento é reviver o luto. Entendo que trata-se de um caso complexo, em que a família está pulsando por justiça. Porém, se o advogado se sentiu intimidado, ele tem o direito de manifestar", disse.