Perícia encontra sangue humano em sapato do namorado de estudante desaparecida em Ilha Solteira
Será realizado exame de DNA para verificar se é correspondente ao sangue da jovem desaparecida; dois suspeitos estão presos por feminicídio

A Polícia Civil de Ilha Solteira confirmou, nesta quarta-feira, 20, que laudo do Instituto de Criminalística apontou vestígios de sangue humano no sapato de Marcos Yuri Amorim, que era namorado de Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos. A jovem está desaparecida desde 12 de junho e a polícia investiga o caso como feminicídio.
De acordo com o delegado Miguel Rocha, foi encontrado sangue também em uma lona que havia sido encontrada no sítio do rapaz. Agora será realizado exame de DNA para descobrir se o sangue é da estudante.
Depoimentos
Durante novos depoimentos à polícia, Marcos Yuri confessou a participação no crime. No entanto, apontou que a jovem foi morta pelo policial aposentado Roberto Carlos de Oliveira, com quem ele mantinha um relacionamento amoroso. Ainda disse que o PM teria sumido com o corpo.
Anteriormente, Roberto havia alegado à polícia que não havia participado do crime, apenas presenciado a jovem já morta ao chegar no sítio, no dia 12 de junho. Ele apontava que o próprio namorado de Carmen teria executado o assassinato.
Reconstituição
O delegado informou que nesta quinta-feira, 21, o caso terá uma reconstituição no sítio com base na versão de Roberto sobre os fatos. Ainda não foi definida data para uma possível reconstituição conforme a versão de Marcos Yuri.
Os suspeitos seguem presos temporariamente e as investigações em torno do caso continuam.
Defesa
Ao Diário, a defesa de Marcos Yuri Amorim afirmou que o suspeito não tinha uma relação amorosa com a estudante desaparecida, apenas de amizade. "Segundo a versão apresentada, Yuri já mantinha um namoro com uma jovem da cidade e nutria amizade por Carmem, por isso, não teria qualquer motivo para atentar contra a vida dela".
Ainda de acordo com a defesa, no dia dos fatos, Carmem teria ido ao sítio sem ser convidada, local em que o acusado chegou momentos depois. "A vítima o teria ameaçado para que ele assumisse um relacionamento amoroso e público, apesar de sua recusa. Houve uma discussão entre ambos, mas o acusado nega categoricamente qualquer participação em sua morte", conclui a nota.
Já a defesa de Roberto Carlos não se manifestou a respeito do caso.
69 dias desaparecida
Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, mulher transgênero e estudante de Zootecnia, desapareceu no dia 12 de junho, após sair do Campus 2 da Unesp de Ilha Solteira. Ela foi vista pela última vez pilotando uma bicicleta elétrica.
Após o desaparecimento, a Polícia Civil iniciou as investigações, resultando na quebra de sigilo e interceptação telefônica da vítima e de dois suspeitos — Marcos Yuri Amorim, também estudante de Zootecnia, e Roberto Carlos de Oliveira, policial militar aposentado.
Após a análise de todo o material disponibilizado pelas operadoras de telefonia, a polícia constatou que Carmen não havia saído da cidade. O último local onde o celular da jovem teria dado sinal foi no Assentamento Estrela da Ilha, onde Marcos Yuri morava.
Também foram analisadas câmeras de segurança por toda a cidade, entre casas e estabelecimentos comerciais, traçando todo o trajeto feito por Carmen no dia do desaparecimento. Mais uma vez, o último local onde ela foi vista com vida foi no sítio do suspeito.
Com base nessa linha de investigação, a polícia passou a tratar o caso como um feminicídio, já que a jovem foi vista chegando ao sítio e não foi vista saindo do local.
Motivação
De acordo com o delegado do caso, Miguel Rocha, a motivação do crime seria o fato de que Carmen teria descoberto o envolvimento do namorado com furtos e roubos de fios de cobre em Ilha Solteira, e montado uma pasta com todas as provas em seu computador, como uma espécie de dossiê.
*Estagiário sob supervisão de Bruno Ferro