Polícia Civil realiza reconstituição de crime passional em Rio Preto
Em abril, o comerciante Thiago Pereira da Silva Gonçalves ateou fogo em Eduardo Henrique Fernandes Aveiro após descobrir uma suposta traição

A Polícia Civil de Rio Preto realiza na manhã desta terça-feira, 30, a reconstituição sobre as circunstâncias da morte de Eduardo Henrique Fernandes Aveiro, 32, que teve o corpo incendiado pelo comerciante Thiago Pereira da Silva Gonçalves em abril deste ano.
A reprodução simulada foi um pedido do advogado de defesa, Juan Siqueira. Ao Diário, ele afirmou que o objetivo é esclarecer contradições entre a versão do acusado e a investigação, realizada pela Polícia Civil.
“Queremos demonstrar que não houve participação de terceiro. O crime teve motivação passional, porque Thiago descobriu que a esposa tinha se relacionado com Eduardo. A vítima ainda foi consumir no serv-festa do acusado, em clara demonstração de afronta. Thiago agiu sob violenta emoção”, afirma.
De acordo com o advogado, o comerciante chamou Eduardo para conversar em particular e seguiram de carro nas proximidades de um posto de combustível no bairro Jaguaré. No local, houve uma discussão e Thiago golpeou a vítima com um soco. Eduardo desmaiou, foi colocado no carro e levado para as proximidades de Talhado.
Utilizando álcool combustível, Thiago ateou fogo na vítima. Eduardo ainda foi socorrido com vida e apontou o autor do crime para policiais militares.
Ele morreu dias depois, na Santa Casa de Rio Preto.
Outra versão
O Ministério Público de Rio Preto denunciou o comerciante Thiago Pereira da Silva Gonçalves por homicídio qualificado por motivo torpe (vingança), meio cruel (fogo) e mediante emboscada. A Justiça já recebeu a denúncia e ele se tornou réu no processo.
O crime teria motivação passional. O suspeito, de 40 anos, que está preso preventivamente, afirmou à polícia que Eduardo saiu com a mulher dele enquanto ele estava preso.
De acordo com as investigações, conduzidas pelo delegado Ricardo Afonso, Thiago atraiu Eduardo para o serv-festas dele sob a promessa de receber cocaína.
No local, ele foi rendido por dois homens e levado de carro, um Corolla branco, para um local ermo em Talhado.
O investigado afirmou em interrogatório que, com o apoio do comparsa, envolveu a vítima em fita adesiva, jogou álcool combustível e ateou fogo.
Ele foi preso logo depois por policiais militares do 9º Baep, que encontraram na casa dele duas pistolas, uma submetralhadora, munições e dois quilos de cocaína.
O caso, no entanto, pode ter uma reviravolta. Uma testemunha protegida informou à Polícia Civil que Eduardo pode ter sido morto porque se recusou a fazer um transporte de drogas para Thiago.
“Segundo apurado, o denunciado é traficante e a vítima era cliente seu, tendo Eduardo comprado cocaína de Thiago algumas vezes. Cerca de duas semanas antes, o denunciado havia proposto à vítima que esta transportasse droga para ele, mas a vítima se recusou e ainda assim Thiago insistiu, inclusive na data do crime. Diante da recusa de Eduardo, por esse torpe motivo, Thiago resolveu matá-lo, tendo contado com a participação de terceiros”, escreveu o promotor Evandro Ornelas Leal.
Ele determinou a quebra do sigilo bancário da vítima para apurar se há pagamentos feitos ao acusado em supostas compras de drogas.