É rio-pretense a primeira mulher brasileira a comandar o Airbus A380, o maior avião comercial de passageiros do mundo. Karina Buchalla Lutkus integra atualmente a tripulação da companhia Emirates Airlines e mora em Dubai.

Segundo informações da Associação das Mulheres Aviadoras do Brasil (Amab), a comandante Karina realizou seu voo final de cheque (voo de avaliação ou exame prático) no dia 27 de outubro.

“Essa conquista não representa apenas um avanço individual, mas um símbolo de força e competência! Ela simboliza todas as mulheres que sonham em voar cada vez mais alto. Parabéns, Karina! Você abriu mais uma porta e mostrou que não existem limites para quem acredita, se dedica, tem foco, resiliência e paixão por voar!”, manifestou a associação em publicação nas redes sociais.

RIO PRETO

Filha do comandante de aviação Orlando Buchalla (in memoriam), Karina respira aviação desde criança, quando era presença constante no Aeroclube de Rio Preto.

O primeiro voo solo dela foi noticiado pelo Diário da Região em edição de 20 julho de 1997 – quando Karina ainda tinha 17 anos, dois dias antes de seu aniversário de 18 anos.

Com o título “Adolescente é a mais nova piloto de avião em Rio Preto”, a reportagem mostra que o momento histórico na vida da comandante foi acompanhado pelo pai dela, que foi piloto de jatos comerciais das extintas empresas de aviação Cruzeiro do Sul e Varig.

“Nas minhas milhares de horas-voo, sempre tinha novidades. Mas esta emoção de ver minha filha pilotando com tamanha segurança, é uma emoção indescritível”, revelou o pai Buchalla, à época, ao jornalista Vicente Serroni.

Piloto de aviação executiva, o comandante Paulo Bizagio conheceu Karina nos tempos de treinamento prático no Aeroclube de Rio Preto. “Fico muito feliz, mas nem um pouco surpreso de saber onde a Karina chegou. Desde jovem a comandante Karina demonstrava grande facilidade para compreender os comandos transmitidos pelo pai. Ele mostrava uma vez, ela já assimilava, com grande disciplina. Todos que frequentavam o Aeroclube naquela época sabiam que ela teria um futuro promissor”, revela.

Bizagio disse que, a convite do comandante Buchalla, teve oportunidade de acompanhar um voo de Karina. “A ideia é que eu ajudasse ela a refinar os comandos, mas a verdade é que eu só assisti. Não tinha nada para dizer, ela estava pronta”, completa.

A reportagem de 28 anos atrás narra que Karina chegou tranquila ao dia da prova prática, fez a inspeção do monomotor prefixo PT COC, checando combustível e óleo de motor, e ajudou a puxar o avião para fora do hangar.

SEM "MOLEZA"

“Tenho que ajudar, não é porque sou mulher que vão me dar moleza”, afirmou a menina naquela ocasião, cheia de personalidade.

Foi também no Aeroclube que a comandante comemorou o aniversário de 18 anos, uma festa que celebrou não apenas a maioridade, mas a autorização para, finalmente, conquistar o brevete – carteira de piloto privado.

Karina iniciou a trajetória profissional como piloto de voo comercial na TAM (agora Latam), onde trabalhou por 15 anos. Em 2019 foi aprovada no processo seletivo da Emirates, mas acabou retornando ao Brasil em razão da pandemia de Covid-19. Contratada pela Azul, permaneceu na companhia aérea até receber o convite da Emirates para realizar o processo seletivo como comandante do A380.

O superjumbo de dois andares tem 72 metros de comprimento e 79 de envergadura (distância entre uma ponta e outra da asa), capacidade para até 853 passageiros e pode atingir uma velocidade de 970 km/h. As cabines de primeira classe podem ser equipadas com suítes privativas, duchas e lounges com serviço de bar.

A norma 61 do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) autoriza adolescentes a partir de 16 anos a fazer o curso teórico, realizar a prova teórica da ANAC e iniciar aulas práticas, com 20 horas de voo, mas é preciso ter 18 anos completos para finalizar as demais horas.