Diário da Região
MUDANÇA

Tribunal de Contas libera programa de escolas cívico-militares em São Paulo

Seleção estava suspensa desde setembro, quando o tribunal reconheceu graves falhas na implantação do processo seletivo; Rio Preto e outras oito cidades da região fazem parte do programa da rede estadual de Educação

por Redação
Publicado há 11 horasAtualizado há 11 horas
A escola estadual Octacílio Alves de Almeida, em Rio Preto, e outras nove unidades da região terão monitores militares (Edvaldo Santos/Arquivo)
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A escola estadual Octacílio Alves de Almeida, em Rio Preto, e outras nove unidades da região terão monitores militares (Edvaldo Santos/Arquivo)
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O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) liberou a retomada do processo seletivo para monitores do Programa Escola Cívico-Militar, criado pela gestão do governador Tarcísio de Freitas. A seleção estava suspensa desde setembro, quando o tribunal reconheceu graves falhas na implantação do processo seletivo, como uso de verbas da Educação para pagamento de policiais militares, caracterizando desvio de finalidade, e ausência de estudos prévios de impacto orçamentário e financeiro.

Na região, Rio Preto e outras oito cidades entraram na lista do governo do Estado para receberem o modelo. Em Rio Preto, a escola escolhida foi a Professor Octacílio Alves de Almeida. A previsão era implantar o modelo neste semestre, mas com o imbróglio judicial, os prazos foram alterados e ainda não há confirmação de quando o programa entrará em funcionamento.

A Secretaria da Educação do Estado (Seduc) informou que retomou o processo seletivo de monitores e monitores-chefes que farão parte do programa em cem escolas da rede. “A seleção dos profissionais já foi concluída e a relação dos militares escolhidos será republicada no Diário Oficial do Estado”, disse a pasta em nota.

Votação

No TCE, o programa teve dois votos contrários, (do relator do caso, Renato Martins, e do conselheiro Sidney Beraldo), e quatro votos a favor — dos conselheiros Wagner Rosário, Marco Bertaiolli, Maxwell Vieira e Dimas Ramalho.

O projeto já foi paralisado outras vezes e é alvo de críticas de especialistas em educação, pela militarização da educação, pelo uso indevido da verba da Educação, pela falta de planejamento e avaliação e pela afronta à Constituição e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Paralisações

No início de agosto, o Tribunal de Justiça autorizou o governo de São Paulo a seguir com o edital de seleção que prevê a contratação de policiais militares reformados para atuar como monitores do programa das escolas cívico-militares, no Estado.

As contratações chegaram a ser suspensas após uma ação direta de inconstitucionalidade movida pela Apeoesp, o sindicato dos professores do ensino do Estado de São Paulo, que questionava o edital de seleção.

Os policiais contratados são PMs da reserva e vão trabalhar como monitores nas cem escolas cívico-militares que aderiram ao programa, e anunciadas pela Seduc no primeiro semestre. O governo previa o treinamento e a ambientação dos militares em junho, mas o imbróglio judicial atrasou o processo de seleção.

Modelo

Policiais militares da reserva contratados para atuar como monitores em escolas cívico-militares terão salários maiores do que os professores e receberão o triplo em comparação com os agentes de apoio escolar, servidores concursados que desempenham função semelhante de organização e suporte.

Segundo edital do programa, a diária dos PMs da reserva serão de R$ 301,70. A remuneração para a jornada semanal de 40 horas de trabalho poderá chegar a R$ 6.034 se o mês tiver 20 dias úteis. Se o agente desempenhar a função de monitor-chefe, a remuneração ganha um “plus” de 10%.

De acordo com portarias publicadas pela própria Seduc, o salário-base do agente de organização escolar é de R$ 1.640 para a mesma carga horária. Já o salário inicial dos professores é de R$ 5,3 mil.

DADOS

Escolas da região que serão cívico-militares:

  • Catanduva: Joaquim Alves Figueiredo

  • Catanduva: Professor Vitorino Pereira

  • Fernandópolis: Libero de Almeida Silvares

  • General Salgado: Tonico Barão

  • Nhandeara: Pedro Pedrosa

  • Nova Granada: Professora Alzira Salomão

  • Novo Horizonte: Pedro Teixeira de Queiroz

  • Olímpia: Doutor Wilquem Manoel Neves

  • Rio Preto: Professor Octacílio Alves de Almeida

  • Votuporanga: Profª Sarah Arnoldi Barbosa

O que muda

As escolas cívico-militares terão PMs da reserva atuando como monitores. Segundo a lei que criou o programa, cada colégio terá pelo menos um agente trabalhando como monitor

Eles farão parte do chamado “núcleo militar”, que ainda terá um coordenador, também PM. Os agentes serão subordinados ao diretor da unidade.

Função: os militares vão oferecer atividades extracurriculares e, segundo a resolução, ficarão responsáveis por garantir um ambiente “organizado e disciplinado”.

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