Vaticano dá mais um passo para tornar santo religioso que viveu na região de Rio Preto
Monsenhor Angelo Angioni, que atuou por muitos anos em José Bonifácio, recebeu o título de venerável; próxima etapa é de análise de milagre para se tornar beato

Mais um religioso que viveu na região de Rio Preto deu um passo para se tornar santo. Monsenhor Angelo Angioni (1915 - 2008), que nasceu na Itália e atuou em José Bonifácio, se tornou venerável. Essa é a etapa anterior à beatificação. A divulgação foi feita nesta sexta-feira, 24, pelo Vaticano.
A mudança de servo de Deus para venerável foi concedida pelo papa Leão 14, que autorizou o Dicastério para as Causas dos Santos do Vaticano a promulgar o decreto que reconhece as virtudes heroicas do padre italiano, que atuou no Brasil durante quase 60 anos.
Esse procedimento comprova os requisitos de vida necessários para o início formal dos processos de beatificação e canonização na Santa Sé. Hoje considerado "servo de Deus", Angioni passa a ser "venerável" na Igreja Católica.
Caminho
Para alguém se tornar santos, primeiro é feito pedido de abertura do processo. O bispo da diocese do candidato a santo escolhe um postulador. Em geral, uma pessoa com experiência em direito canônico, que investiga a vida do indicado, provas de virtudes e santidade.
O nome e o histórico do indicado a santo são submetidos à Congregação para a Causa dos Santos, durante uma reunião de religiosos, chamada de conferência de episcopal. Uma comissão no Vaticano faz o processo de verificação de documentação e checagem da história do indicado. É concedido o “Nihil obstat” (nada obsta), que autoriza a o processo.
Confirmadas todas as informações em documentos, é iniciado o processo de beatificação. Nesta etapa, ele ganha o título de Servo de Deus. O bispo institui a causa da beatificação e nomeia um juiz para o tribunal sobre as virtudes e santidade do indicado. A Santa Sé concede o título de Venerável.
Após isso, o papa recebe o processo para análise do parecer do primeiro milagre. Reconhecido o primeiro milagre, papa concede o título de Beato. Papa analisa o relatório do segundo milagre. Aprovado, anuncia a canonização.
História
Angelo Angioni, sacerdote diocesano, nasceu em 14 de janeiro de 1915, em Bortigali, Sardenha, em uma família numerosa. Passou a infância em um ambiente caracterizado por uma forte fé religiosa. Finalizados os estudos no seminário, foi ordenado sacerdote em 31 de julho de 1938. Após servir por 10 anos como vigário e depois pároco, em 1948 foi nomeado reitor do Seminário diocesano de Ozieri e trabalhou para estabelecer uma comunidade diocesana de sacerdotes oblatos, consagrados às missões populares e estrangeiras, seguindo o exemplo do Beato Paolo Manna.
Como sacerdote fidei donum é enviado a São José do Rio Preto, onde realiza seu ideal missionário, empenhando-se não apenas na pastoral, mas também nos campos social e educacional, favorecendo a criação de uma escola paroquial e fundando o Instituto Missionário do Imaculado Coração de Maria, formado por sacerdotes, diáconos, religiosas contemplativas e leigos.
Graças à sua iniciativa, foram construídas igrejas, capelas, casas de retiro, residências religiosas, espaços para idosos e para atividades paroquiais. Produziu também muitos opúsculos informativos, impressos na gráfica que havia organizado no Instituto Missionário por ele fundado. Entre suas últimas atividades apostólicas e missionárias, destaca-se a criação de um Instituto de Ciências Religiosas.
Sua intensa atividade pastoral foi interrompida por dois derrames, em 2000 e 2004, que o deixaram gravemente debilitado. Sua vida terrena terminou em 15 de setembro de 2008. Seu apostolado refletia seu amor ao Senhor e seu zelo em transmiti-lo àqueles confiados aos seus cuidados pastorais. Ao longo de sua vida, viveu a pobreza, segundo o exemplo evangélico, possuindo apenas o mínimo necessário.
Milagres
Um dos possíveis milagres em análise do sacerdote seria a cura inexplicável de um pedreiro, que ficou em coma por meses, após cair de um telhado de uma residência, em 2015, em Rio Preto. “A mulher dele chegou a ser aconselhada pela equipe médica a trazer as roupas para prepará-lo para o sepultamento. Ao invés disso, ela pediu a intercessão do monsenhor Ângelo Angioni e, segundo ela, de forma repentina, ele se recuperou”, diz o padre Mauro Ziati Pereira, um dos responsáveis pelo processo.
A religiosa irmã Isilda Aparecida Balbuena, do Colégio Santo Antônio, de Rio Preto, que trabalhou com Angioni entre 1978 e 2008, acredita que conviveu com um santo. “Era uma pessoa muito dedicada à fé e às causas dos pobres. Uma das frases que ele dizia e nunca esqueço é 'uma vida inteira não é suficiente para realizar uma ideia'. Ou seja, temos tanto a fazer pelos outros e tão pouco tempo de vida”, recorda a religiosa.