Teste de caça supersônico provoca 'estrondos' no céu da região de Rio Preto
Moradores relataram fortes barulhos e até tremores em cidades da região de Rio Preto. Caça F-39E Gripen é capaz de superar a velocidade do som e está sendo testado no interior de São Paulo

Moradores da região de Rio Preto ouviram estrondos no céu na manhã desta terça-feira, 11. Alguns usaram as redes sociais para relatar que também sentiram tremores nas paredes, portas e janelas. Os relatos vieram de cidades como Urupês, Ibirá, Uchôa, Cedral, Potirendaba, Catanduva e Tabapuã e são semelhantes aos fatos narrados por moradores de Sales, em março deste ano, durante testes do novo caça da Força Aérea Brasileira, o F-39E Gripen, que tem sobrevoado a região de Rio Preto.
A aeronave, que está em testes na filial da Embraer, em Gavião Peixoto, região de Araraquara, é capaz de romper a barreira do som, de 337 m/s ou 1216 km/h. Quando isso acontece, provoca estrondos no céu e os moradores podem sentir tremores.
A Saab Brasil, empresa sueca responsável pela fabricação do caça Gripen, confirmou que realizou ensaios em voo supersônico na manhã desta terça e explicou que todos os voos seguem procedimentos definidos pelas autoridades e são realizados em grandes altitudes, acima de 5 mil metros. Os testes são realizados a noroeste da base de Gavião Peixoto e, por isso, passa pelas regiões de Catanduva e Rio Preto.
"O Gripen realizará voos supersônicos durante os próximos meses. Voar mais rápido do que a velocidade do som cria uma onda sonora diferente, um estrondo sônico, que pode parecer mais um trovão do que uma aeronave passando. É possível que os moradores da região ouçam esse barulho durante os testes com o novo caça brasileiro. Temos o cuidado de garantir que esses voos supersônicos sejam realizados em áreas de teste designadas, em coordenação com as autoridades aeronáuticas conforme os procedimentos da Força Aérea Brasileira", explicou Sven Larsson, head do Centro de Ensaios em Voo do Gripen, da Saab, por meio de nota.
Segundo a empresa, a campanha de ensaios é essencial para testar o desempenho e as funções da nova aeronave, dando continuidade aos procedimentos de certificação e aceitação da aeronave, que chegou ao Brasil em setembro de 2020.
'Parecia que vinha do céu, ficamos assustados'A dona de casa Maria Luiza Franzin mora no bairro Jardim II, em Urupês e conta que sentiu dois tremores. Ela afirma que primeiro escutou um barulho parecido com uma explosão e, logo em seguida, o tremor. "Foi uma coisa muito estranha. Eu estava aqui em casa quando começou a tremer tudo. Tremeu as portas, telhado, janelas, parecia que vinha do céu. Ficamos assustados. Até saímos na rua para ver o que estava acontecendo. Eu até vi que em outras cidades esses tremores também foram sentidos", disse.
Em Catiguá, moradores também relataram que perceberam os estrondos. "Escutei um barulho como se fosse um pneu estourando ontem (segunda-feira), e hoje de novo parece que foi mais forte, saí para ver o que era, mas não vi nada", conta a moradora Zilda Costa.
Ensaios de voo supersônicoAs atividades no Brasil incluem testes de sistemas de controle de voo e sistemas climáticos. Também têm como objetivo testar a aeronave no clima tropical.
A parceria com o Brasil começou em 2014, com um contrato para o desenvolvimento e produção de 36 aeronaves Gripen E/F para a Força Aérea Brasileira, incluindo sistemas, suporte e equipamentos. O programa de transferência de tecnologia, que está sendo executado em um período de dez anos, está impulsionando o desenvolvimento da indústria aeronáutica por meio das empresas parceiras que participam do programa Gripen Brasileiro.
Segundo a empresa, no decorrer desse período, mais de 350 técnicos e engenheiros brasileiros estão participando de treinamentos teóricos e práticos, na Suécia, para adquirir o conhecimento necessário para a execução das mesmas tarefas no Brasil. Até o momento, mais de 230 profissionais já concluíram os cursos e a maior parte deles está de volta ao País trabalhando no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN, do inglês Gripen Design and Development Network).