Projeto em Rio Preto abre espaço para discutir como a cultura pode ser acessível
Ciclo “Acesso”, que valoriza produção de artistas com deficiência, oferece programação gratuita que reúne espetáculo, documentário e oito rodas de conversa a partir desta terça, 2, a 6 de dezembro

Com cinco dias de debates, apresentações e trocas conduzidas por artistas e profissionais com deficiência, Rio Preto abre espaço para discutir como a cultura pode ser acessível. A partir desta terça, 2, até o sábado, 6, a 1ª edição do ciclo “Acesso: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte” ocupa a Salete Produtora com 12 atividades gratuitas que colocam no centro do palco o protagonismo de corpos diversos e a urgência de uma política cultural realmente inclusiva. A Salete Produtora está na avenida José Vinha Filho, 1091, Solo Sagrado.
Idealizado a partir das vivências e demandas práticas desses grupos, o ciclo pretende detalhar como diferentes corpos experienciam — ou deixam de experienciar — o acesso aos bens culturais. O projeto é realizado com recursos da Lei Nelson Seixas, pelo chamamento público 09/2024 (Formação Artístico-Cultural), da Secretaria Municipal de Cultura.
O ciclo tem coordenação geral da educadora e intérprete de Libras Bárbara Moura, do ator e produtor Fabiano Amigucci e da produtora e artista da dança Andrea Capelli. Para o trio, “É crucial estabelecer um pensamento de acessibilidade cultural que envolva a sociedade em um diálogo aberto e promova uma escuta ampla e representativa, garantindo direitos sob uma perspectiva cidadã”, dizem os coordenadores.
A abertura acontece nesta terça, 2, às 19h30, com o espetáculo “Muros e Grades são Invenções Humanas”, da palhaça Ariadne Antico, a Birita, da companhia A Casa das Lagartixas, de São José dos Campos. De caráter autobiográfico, a obra nasce da trajetória da artista, que vive com um tipo de paralisia cerebral e encontrou na arte novas formas de olhar para suas limitações. Após a sessão, Ariadne participa de bate-papo sobre o processo de criação, inicialmente concebido como uma palestra.
Na quarta, 3 de dezembro, às 19h30, será exibido o documentário “Cultura Acessível: Para Quem?”, realizado pela terceira turma do curso de produção cultural do Senac Rio Preto, sob orientação do jornalista e produtor Harlen Félix. Após a exibição, a equipe conversa com o público sobre a realização do projeto.
RODAS DE CONVERSA
De quinta a sábado, oito encontros em formato de roda de conversa aprofundam temas ligados às diversas formas de deficiência — auditiva, visual, física e intelectual. Na quinta, 4, e sexta, 5, as atividades ocorrem às 14h30 e às 16h30; no sábado, 6, serão quatro debates, às 9h, 11h, 14h30 e 16h30. Haverá certificado para quem atingir 80% de presença, mediante inscrição pelo link informado pela organização.
A primeira conversa, “Não é só sobre Libras, mas também é”, discute acessibilidade comunicacional e o papel das Libras, com participação da intérprete Eliza Godoy e da pedagoga Jacqueline Fontes, sob mediação de Bárbara Moura. Em seguida, às 16h30, o tema “Eu quero é botar meu bloco na rua, nos palcos, nas galerias” aborda a ocupação de espaços culturais por pessoas com deficiência, com a estudante Isabella Isa e o pesquisador Pedro Otávio de Souza Mussatto, mediado pela cantora Livon.
Na sexta, 5, o encontro “O que os olhos não veem...” reúne os músicos Maria das Graças Aristóteles e Nei Cândido, com interlocução da educadora e audiodescritora Milena Bertoni. Depois, o debate “Tira essa escada daí — acessibilidade arquitetônica em espaços culturais” reúne artistas como Caio Emanoel, Heitor Delfino, Joana Batista e Laura Souza, com mediação de Vanessa Cornélio.
O sábado, 6, abre com “Ferramentas e recursos: criando acessibilidade em arte”, com Ingrid Vasconcelos e Rogério Santos, mediado por Milena Bertoni. Na sequência, “Sensibilização e práticas inclusivas” promove conversa entre Dani Lima, Tiago Catelani e a psicóloga Pietra Borges.
À tarde, o tema “Criação de propostas culturais acessíveis de verdade” discute como integrar acessibilidade desde a concepção dos projetos, com Lucão, Tiago Mariusso e mediação de Vanessa Cornélio. Encerrando o ciclo, “PCDs e o mercado de trabalho nas artes” aborda práticas de equidade, com Eiver Antonio e Tulio Caianelo, sob condução de Bárbara Moura.
Todas as atividades terão interpretação em Libras e audiodescrição, recursos também presentes no espetáculo e no documentário — que contará com janela de Libras integrada.
O ciclo se propõe a fortalecer a participação das pessoas com deficiência como criadoras e consumidoras de cultura, ampliando o debate sobre políticas culturais inclusivas e a construção de espaços realmente acessíveis.