Diário da Região
EXPOSIÇÃO

Faceres abre mostra sobre representatividade negra na medicina

Exposição “Histórias Negras na Medicina” reúne pioneiros da saúde e da ciência, resgatando nomes silenciados pela história oficial 

por Salomão Boaventura
Publicado em 23/09/2025 às 19:09Atualizado em 23/09/2025 às 19:09
Faculdade de Medicina Faceres inaugura mostra com 16 quadros que revelam contribuições de profissionais negros, do século 19 aos dias atuais (Divulgação)
Galeria
Faculdade de Medicina Faceres inaugura mostra com 16 quadros que revelam contribuições de profissionais negros, do século 19 aos dias atuais (Divulgação)
Ouvir matéria

Histórias de luta, resistência e genialidade atravessam séculos e fronteiras, mas muitas delas foram apagadas pelo tempo. Médicos, cientistas e profissionais negros que transformaram a medicina quase sempre tiveram seus nomes empurrados para as margens da história oficial. Para resgatar esse legado e inspirar novas gerações, a Faculdade de Medicina Faceres inaugura, nesta quarta-feira, 24, às 11h, a exposição “Histórias Negras na Medicina”, no hall de entrada da instituição, em Rio Preto.

A mostra tem curadoria do professor doutor Araré Carvalho, em parceria com estudantes do Núcleo Acadêmico Cultural e do Coletivo Antirracista da Faceres. As artes foram criadas por Bruna Taguchi e apresentam, em 16 quadros, trajetórias que marcaram a ciência em diferentes épocas.

Do enfrentamento em tempos de escravidão às descobertas pioneiras da era moderna, as narrativas revelam resiliência e excelência. Entre os destaques estão Rebecca Lee Crumpler (1831–1895), primeira médica negra formada nos Estados Unidos, que dedicou sua prática ao atendimento de ex-escravizados; Juliano Moreira (1872–1933), primeiro psiquiatra negro do Brasil, que desafiou teorias racistas; Patricia Bath (1942–2019), inventora da técnica a laser para cirurgia de catarata; Vivien Thomas (1910–1985), autodidata que desenvolveu um procedimento decisivo para a cardiologia pediátrica; e Jaqueline Goes de Jesus (n. 1990), biomédica brasileira que liderou o sequenciamento do genoma da Covid-19 em tempo recorde.

“Valorizar essas narrativas é um passo essencial para construir uma medicina mais equitativa e ampliar a compreensão sobre o papel da diversidade na produção do conhecimento científico”, afirma Araré.

Com vozes que ecoam do passado e do presente, a exposição da Faceres ilumina trajetórias que não apenas abriram caminhos, mas também continuam a moldar a ciência contemporânea.