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Música auxilia no desenvolvimento de bebês

A música é um excelente meio para entreter bebês e crianças pequenas, mas incluir boas melodias e jogos musicais desde bebê ajuda no desenvolvimento integral dos pequenos

por Millena Grigoleti Barros
Publicado em 21/12/2025 às 00:01Atualizado em 22/12/2025 às 14:24
A professora Ananda Spada estimula os pequenos por meio de canções e sons musicais, ajudando no desenvolvimento da fala, do raciocínio e percepção auditiva (Arquivo Pessoal)
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A professora Ananda Spada estimula os pequenos por meio de canções e sons musicais, ajudando no desenvolvimento da fala, do raciocínio e percepção auditiva (Arquivo Pessoal)
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Ray Charles dizia que as pessoas respondem à música. E se isso vale para os adultos, é ainda mais verdadeiro para os bebês e crianças, tão sensíveis a qualquer estímulo externo - daí a importância do estímulo musical desde cedo - pensando que eles passam a ouvir na barriga da mãe a partir da vigésima semana de gestação, por que não incentivá-los com boa música desde o forninho?

BEBÊS E MÚSICA

“A música é uma linguagem natural para o bebê. Desde os primeiros meses de vida, ela ajuda a criar vínculos afetivos, principalmente entre pais e filhos, além de estimular a escuta, a atenção e a percepção sonora”, diz Ananda Spada, professora de musicalização, multi-instrumentista e dona de um Espaço Musical que leva seu nome.

Antes mesmo de falar, o bebê responde à música. “Por meio de movimentos, expressões e vocalizações, o que torna esse contato muito significativo desde cedo”, explica a especialista.

Mais do que um mero entretenimento adorado pelos bebês, a música ajuda em seu crescimento. “Contribui para o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social. Trabalha coordenação motora, ritmo, memória, linguagem e também a autorregulação emocional”, enumera Ananda. “Além disso, favorece a socialização, pois o bebê aprende a interagir com outras crianças e adultos em um ambiente seguro e acolhedor.”

E todas essas maravilhas são cientificamente comprovadas. Uma pesquisa publicada pela internacional Sociedade para Pesquisa em Desenvolvimento Infantil, associação que analisa o desenvolvimento humano desde a infância, mostrou que cantar para os pequenos melhora seu e possivelmente ajuda na regulação emocional e vínculo afetivo.

ESTÍMULO

Canções e sons musicais estimulam o cérebro (atenção, memória e aprendizagem), ajudam no desenvolvimento da fala, do raciocínio e percepção auditiva, além de melhorarem o humor, reduzindo o choro, favorecer o sentimento de segurança e conforto e auxiliar na regulação das emoções. Movimentos, palmas e danças ajudam na coordenação motora e na percepção rítmica e corporal. A música ainda ativa os sentidos, principalmente a audição.

O maestro Paulo de Tarso, que também trabalha musicalização em seu Instituto, lembra que esses são estímulos que podem e devem começar em casa, com a família, com o cuidado de ofertar aos pequenos apenas músicas de qualidade.

Assim como quando se trata de exercícios físicos ou alimentação, os filhos se espelham nos pais quando o assunto é música. “Na minha casa, meu pai ouvia música sinfônica e jazz, minha mãe tocava acordeon e adorava os temas de filme, minha irmã ouvia rock, pop e MPB e meu irmão estudava piano e me ensinava, me dava as dicas. Nossa vizinha tocava violino e eu a escutava ensinar”, recorda ele, lembrando ainda de amigos da família que se uniam para fazer música.

Esses estímulos podem ser feitos de forma muito simples e incluir ouvir músicas adequadas à idade, mas também instrumentos musicais simples. Uma garrafa fechada com alguns feijões dentro pode virar um chocalho, enquanto panelas podem servir de bateria e potes viram tambores. O corpo também é musical: os pais podem fazer sons como palmas e estalos, ensinando o bebê e permitindo que ele explore os ruídos. “O mais importante é que esse movimento seja leve, afetivo e sem cobranças, respeitando o tempo de cada um”, diz Ananda.