Diário da Região

Empresas inteligentes: IA ganha espaço em negócios de Rio Preto e muda a forma de competir

A adoção da inteligência artificial (IA) nas empresas dos mais variados ramos deixou de ser tendência para se tornar peça-chave na competição por clientes em Rio Preto e região

por Redação
Publicado em 01/08/2025 às 19:37Atualizado em 02/08/2025 às 10:34
Kleber Zumiotti, CEO da iProcesso e fundador do movimento Empodera.AI (Divulgação)
Kleber Zumiotti, CEO da iProcesso e fundador do movimento Empodera.AI (Divulgação)
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De processos operacionais a estratégias de vendas, a tecnologia tem impulsionado resultados, otimizado rotinas e favorecido a tomada de decisão em tempo real. Empresários relatam ganhos expressivos em produtividade, personalização e lucratividade — mas também destacam desafios na adaptação humana e integração com sistemas tradicionais.

A Inteligência Artificial está remodelando como as empresas operam, especialmente em setores como varejo, indústria e serviços. De acordo com Kleber Zumiotti, CEO da iProcesso e fundador do movimento Empodera.AI, a tecnologia permite entender melhor o comportamento do cliente, personalizar abordagens e priorizar leads com maior chance de conversão.

“Ao automatizar tarefas repetitivas e processos ineficientes, a IA libera tempo da equipe para atividades estratégicas e reduz desperdícios, elevando a margem de lucro. Com análise preditiva, a IA ajusta preços de forma dinâmica, reduz perdas e melhora a rentabilidade, especialmente no varejo e na indústria”.

“Fidelizar custa menos do que conquistar. A IA ajuda a entender o ciclo de vida do cliente, prever cancelamentos e manter a base ativa — garantindo receita recorrente. Com dashboards inteligentes e análises automatizadas, a liderança atua com dados em tempo real, aproveitando oportunidades de crescimento antes da concorrência”, completa Zumiotti.

Na Chemisch, empresa especializada em produtos de higiene e limpeza, a jornada com IA já dura dois anos e meio. Alexandre Sanson Filho, diretor comercial da companhia, esclarece que a implantação da tecnologia é um processo contínuo e estruturado.

“A IA precisa ser construída, treinada, ajustada. Costumo dizer que é como preparar um colaborador para executar uma tarefa. IA não é algo pronto e mágico. Ela é evolutiva. Existe toda uma metodologia para que ela entregue as melhores respostas quando acionada. Esse processo é conhecido como Retrieval-Augmented Generation (RAG)”, diz.

No início da implementação, a empresa enfrentou dificuldades ao buscar soluções de atendimento automatizado ainda rudimentares no mercado. “Buscamos no mercado fornecedores que vendessem os chamados ‘robôs de atendimento’, mas na época, a tecnologia ainda era muito recente, trabalhavam com aquela lógica de: ‘Aperte 1 para falar com X, 2 para Y’. Isso causou um atraso e gerou um custo extra”, explica o diretor.

Apesar das barreiras, os ganhos foram significativos. “Novos produtos, novos mercados, metodologias comerciais e playbooks. Isso tudo gerou impacto direto nos nossos processos e no comportamento das equipes. Hoje temos departamentos mais inteligentes, decisões mais ágeis e ações mais assertivas. Estamos com um crescimento de 9,5% em relação ao mesmo período de 2024”, destaca Alexandre.

Mas o maior desafio, segundo ele, ainda é cultural. “Existe uma certa resistência à mudança. Muitos ainda enxergam a IA como ameaça, quando, na verdade, ela é uma alavanca”, complementa Alexandre.

CHURRASQUEIRAS

Na Club Grill – Churrasqueiras, Coifas e Acessórios, a transformação começou em 2024. O CEO Ricardo Fabbi conta que a empresa já colhe os frutos: “Aumentamos nossa agilidade operacional em cerca de 40%, reduzimos o tempo médio de resposta ao cliente em mais de 60% e ampliamos nossa taxa de conversão em vendas complexas (alto ticket) em aproximadamente 25%, graças à personalização das propostas e à precisão na comunicação com cada perfil de cliente”.

A adaptação da equipe e a integração com sistemas legados como Planejamento de Recursos Empresariais (ERP) e Customer Relationship Management (CRM) foram os principais obstáculos. “O principal é adaptação da equipe. Utilizar IA exige interpretar dados, pensar de forma estratégica e estar aberto à inovação contínua. Também enfrentamos obstáculos técnicos com sistemas já existentes, o que nos levou a firmar parcerias com especialistas para superar essas barreiras com segurança”.

A visão da empresa é manter a IA como pilar estratégico: “Queremos que a IA continue sendo um motor de crescimento sustentável. Acreditamos que a inteligência artificial é a ponte entre a tradição artesanal e a inovação de ponta. Nosso objetivo é seguir surpreendendo, evoluindo e gerando valor para cada cliente, colaborador e parceiro que cruza nosso caminho”, complementa Fabbi.

INTELIGENTES

Em meio a esse movimento, Rio Preto sedia o ciclo de eventos Empresas Inteligentes, conduzido por Kleber Zumiotti. Com realização da Apeti e encontros presenciais no Parque Tecnológico, além de transmissão online, a série propõe uma imersão prática em como a IA está sendo aplicada na operação, estratégia e cultura das organizações.

O programa apresenta os cinco níveis reais de adoção da IA nas empresas, desde a experimentação individual até a integração total ao modelo de gestão. A agenda aborda temas como recrutamento, vendas, cultura organizacional, desenvolvimento de software e tomada de decisão, sempre com foco em soluções reais e ferramentas acessíveis.

O primeiro encontro, realizado na última quarta, 30, teve como foco o setor de RH, discutindo formas de aumentar o engajamento e reduzir a rotatividade de talentos. Em agosto, os encontros seguem com oficinas sobre uso comercial da IA, desenvolvimento técnico e o dia a dia do empresário. Em setembro, a série terá foco em áreas como finanças, marketing, manufatura e logística, além de uma rodada especial voltada à aplicação da IA em estratégias corporativas.

“A IA só se torna um diferencial quando sai da planilha e começa a resolver problemas concretos. Não é sobre modismo. É sobre competir com mais inteligência e velocidade”, finaliza Zumiotti. (Colaborou Ana Beatriz Aguiar)