Tarifas devem cair para até 20%, diz Barbosa
À frente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), o ex-embaixador Rubens Barbosa tem uma visão privilegiada do cenário de trocas comerciais do Brasil. Para ele, os entendimentos sobre as exceções ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serão conquistados com a pressão de empresas prejudicadas.
“São os interesses econômicos e comerciais das empresas americanas e brasileiras que estão moldando a política comercial dos EUA em relação ao Brasil.”
O ex-embaixador avalia que uma mudança na lista de exceções ao tarifaço seria construída em paralelo ou a partir do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, no próximo domingo, na Malásia, durante a Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático. Para ele, as tarifas podem diminuir para 20% a 25% com a possibilidade ainda de a sobretaxa adicional de 40% cair.
“O tarifaço vai ser negociado para diminuir muito. Pode ser que diminua até 20%, 25%. Era 10%, acrescentou 40%. Esses 40%, acho que vão desaparecer”, afirmou Barbosa.
O ex-embaixador ainda afirmou que as tarifas americanas só vão cair por conta da pressão dos empresários americanos, e não pela pressão do Brasil.
“Isso aí vai sair por interesse americano. Não é por pressão brasileira. Os empresários americanos é que estão levando isso (ao governo dos EUA) e os empresários brasileiros que foram afetados. O Joesley (Batista, acionista da J&F, controlador da JBS) tem a carne pagando 50% mais. Ele contribuiu para a eleição americana, ele foi lá reclamar. São os interesses econômicos e comerciais das empresas americanas e brasileiras que estão moldando a política comercial dos EUA em relação ao Brasil. A nossa exportação para os EUA representa 1% das importações americanas. Não é importante. E, dentro das nossas exportações, os EUA são somente 10%. Também não é importante”, disse.
Segundo ele, setores industriais foram os mais prejudicados. “Os outros, que têm 20%, estão sofrendo. São pequenas e médias empresas de madeira, autopeças, que não tem como recolocar os produtos. O café foi para a China. A carne também foi para outras praças. Mas os produtos industriais, como calçados, foram afetados, pois são feitos sob medida para outras empresas, não tem como redirecionar.”
Ainda de acordo com Barbosa, o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, informou, que fez duas reuniões e tem uma agenda. “Se isso for mantido, é muito fácil. Apresenta-se a agenda, eles aprovam, e o setor privado americano discute com o governo brasileiro a agenda que eles mesmos já aprovaram”, contou.