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ARTIGO

A impessoalidade no serviço público

A impessoalidade protege nosso Estado do personalismo oportunista

por Breno Aragon
Publicado em 27/10/2025 às 20:30Atualizado em 28/10/2025 às 11:18
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O princípio da impessoalidade é um princípio explícito de nossa Constituição. É graças a ele que são vedadas a autopromoção de agentes públicos no cumprimento de suas atividades. É esse princípio que impede prefeitos de usarem seus slogans de campanha em ações da prefeitura por exemplo. Esse princípio protege nosso Estado do personalismo oportunista de agentes públicos que tentam deturpar a máquina estatal para benefícios próprios.

Aparentemente, o deputado estadual Danilo Campetti acredita não precisar obedecer a esse princípio constitucional. Pelo menos é o que se observa com a “festa” de aniversário promovida pelo parlamentar. O evento tinha todos os aspectos de uma pré-campanha: espaço grande, show ao vivo, uma festona para mais de 700 convidados, prefeitos e lideranças políticas como estrelas da noite, tudo pago pelo deputado, claro.

Mas o que mais chamou a atenção foi o seu ataque direto ao presidente da República. Campetti foi escoltar Lula ao velório de seu neto, em março de 2019, enquanto agente da Polícia Federal, apenas cumprindo seu dever funcional. Aparentemente, um fato tão triste quanto a morte de uma criança não comoveu os bolsonaristas, tampouco os impediu de tentar capitalizar politicamente sobre esse episódio. Essa “gente do bem” mostra-se brutalmente insensível à dor alheia.

Campetti se elegeu deputado estadual em 2022, vendendo-se como “o homem que prendeu o Lula”, algo factualmente falso, mas que lhe garantiu a simpatia dos bolsonaristas, que o agraciaram com um mandato na Assembleia Legislativa. Passados três anos desde sua eleição, aparentemente o que Campetti tem para mostrar como resultado de seu trabalho segue sendo o fato de ter escoltado Lula em 2019.

Faltou republicanismo à festa de Campetti, marcada por ataques a Lula, que foi vítima de uma prisão ilegal conduzida por um juiz parcial e incompetente. Em vez de debater políticas públicas ou apresentar resultados concretos, o deputado prefere se escorar no antipetismo raso para tentar manter algum espaço de projeção.

É vergonhoso que um agente público utilize seu cargo para promoção pessoal. Mais vergonhoso ainda é que o deputado tenha apenas isso para sustentar sua imagem pública.

Será que Campetti levará seu pixuleco às inaugurações dos novos pedágios de Tarcísio? Ou, quem sabe, à inauguração da nova universidade federal que o governo Lula trouxe para Rio Preto? Uma coisa é certa: o deputado só ganha alguma relevância graças a Lula.

Breno Aragon

Conselheiro Tutelar - São José do Rio Preto