A política e as oligarquias
Muitos desses jovens candidatos nada mais representam do que a mera continuação do poder

O ano de 2026 se aproxima e com ele virão as eleições gerais para a escolha do próximo presidente da República, novos senadores e governadores de Estado, e todos os deputados federais e estaduais. É um tempo em que boa parte do povo renova suas esperanças por um Brasil mais ético, já que na campanha eleitoral todos os candidatos prometem o melhor dos mundos. Podemos deduzir então que, em breve, viveremos mais uma temporada de mentiras generalizadas e de promessas que não serão cumpridas.
No horário eleitoral “gratuito”, seremos mais uma vez obrigados a suportar as cantilenas de sempre, ou seja, candidatos que se fazem de sinceros para acenar para um Brasil com justiça social e desenvolvimento econômico, com geração de empregos, criação de mais escolas técnicas, reforço da segurança pública, aumento do salário mínimo, habitação para todos, melhoria nos programas de saúde, etc. Muitos candidatos sabem muito bem que, se disserem a verdade, jamais serão eleitos.
Muitas das vezes, uma suposta renovação da política se apresenta na forma de jovens candidatos, que, aparentemente, estão aptos para traçar novos rumos para a desgastada política tradicional. Assim, esses candidatos costumam ter excelentes chances de obterem sucesso nas eleições, pois representam o “sangue novo” na política.
Que se ninguém se engane: muitos desses jovens candidatos nada mais representam do que a mera continuação do poder de grupos que mantêm o controle político de muitas regiões do Brasil. São as velhas – mas sempre presentes – oligarquias regionais. Como se sabe, a oligarquia existe quando, ao longo do tempo, o poder é exercido por um grupo de pessoas, pertencentes à mesma família ou classe social.
São famílias ou grupos que exercem forte influência em suas respectivas regiões; em geral, são proprietários de grande patrimônio e frequentemente de rádios, TVs e outros meios de comunicação. Por isso, é muito comum que mantenham o controle de suas bases eleitorais, por meio da política municipal, de onde se calçam para conquistar mandatos nas esferas estadual e federal. Em tempos de vacas magras, essas bases eleitorais servem de refúgio, para se aguardar por dias (e cargos) melhores.
Vale ressaltar que o controle dos meios de comunicação não serve apenas para promover o candidato da oligarquia. Na verdade, essas emissoras de rádio ou TV acabam “filtrando” todo o noticiário, de modo a não destacar as notícias que poderão comprometer ou ferir a imagem de seus controladores, que são da família do candidato, quando não o próprio candidato. Por outro lado, exaltam todas as “realizações” de todos os membros da família, para reforçar o seu cacife eleitoral. Assim, a oligarquia vai se eternizando. É óbvio que as oligarquias nada de novo trazem para a cena política nacional, pois, como tantos outros, elas lá estão somente para a perpetuação do poder do seu grupo.
João Francisco Neto
Advogado, doutor em Direito Econômico e Financeiro (USP). Monte Aprazível-SP.