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ARTIGO

Como se planejar em meio a tanta incerteza

A velocidade das mudanças cria ansiedade e dificulta enxergar o futuro

por Hugo Ramón Barbosa Oddone
Publicado em 02/12/2025 às 19:42Atualizado em 03/12/2025 às 09:57
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Critérios são essenciais para orientar decisões e organizar a vida. Em um ambiente emocionalmente acelerado, parar no fim do ano para avaliar o que fizemos e o que deixamos de fazer torna-se uma necessidade.

Conseguimos cumprir nossas metas? Situações inesperadas desviaram o curso da nossa rotina? Perdemos pessoas queridas e tivemos de lidar com ausências difíceis? Também celebramos chegadas, como o nascimento de filhos ou sobrinhos? Mudamos de trabalho ou de cidade? Algo novo surgiu e mexeu com nossas estruturas? Essas perguntas ajudam a compreender o que foi este ciclo.

A pandemia ficou no passado, mas seus efeitos ainda influenciam nossa percepção de tempo e segurança. A isso se soma a velocidade da transformação tecnológica, que muitas vezes nos faz sentir desatualizados antes mesmo de aprender algo novo. É como se estivéssemos sempre correndo atrás de um trem em movimento. Além disso, relações pessoais e profissionais parecem cada vez menos sólidas, o que reforça a sensação de instabilidade.

Diante disso, surge a dúvida: por que planejar a médio ou longo prazo se tudo muda tão rápido? Ainda assim, todos os anos somos conduzidos ao mesmo movimento. Avaliamos o que vivemos, reconhecemos o que funcionou e o que não funcionou e, quase sem perceber, começamos a projetar o próximo ciclo. Seja na família, nos estudos, no trabalho ou em qualquer área da vida, metas e objetivos continuam sendo bússolas importantes, mesmo quando o terreno parece frágil.

A velocidade das mudanças cria ansiedade e dificulta enxergar o futuro, mesmo que esse futuro seja a semana seguinte. Mas, apesar disso, ainda podemos adotar práticas que tornam o planejamento possível. Adaptar-se às transformações, desenvolver flexibilidade e aprender a mudar de rota quando necessário são competências essenciais. Ajustamentos criativos tornam-se aliados para lidar com a imprevisibilidade.

Focar no presente também é um desafio. Passamos de uma demanda a outra sem pausa, sem tempo para refletir sobre o que realmente importa ou para consolidar decisões. Muitas vezes, não sabemos nem o que preservar, porque tudo parece urgente. Nesse contexto, insistir em velhas certezas pode se tornar disfuncional, e abrir espaço para o novo se torna vital.

A resiliência ganha protagonismo. Ela não é apenas resistência, mas a capacidade de continuar, reorganizar-se e seguir adiante. Conhecer-se, assumir a própria história, cultivar o que fortalece e conduzir a si mesmo com mais consciência são atitudes fundamentais para lidar com este mundo acelerado.

Talvez

a proposta seja justamente essa: criar uma nova forma, mais realista e

mais humana, de planejar 2026. Vamos juntos nessa jornada?

Hugo Ramon Barbosa Oddone

Psicólogo