Diário da Região
ARTIGO

Cooperlagos: 19 anos de cooperativismo

A letra fria da lei não é capaz de traduzir o real significado prático do cooperativismo

por Tereza Marta Pagliotto e Helena Maria Carvalho
Publicado em 02/07/2025 às 19:09Atualizado em 03/07/2025 às 08:42
Tereza Marta Pagliotto (Divulgação)
Tereza Marta Pagliotto (Divulgação)
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O ano de 2025 é o ano internacional das Cooperativas, assim declarado pela ONU através da Resolução 78/75, e neste dia 05 de julho comemora-se o dia do cooperativismo.

O art. 2º, da Lei n. 12.690/12, define a cooperativa de trabalho como a “sociedade constituída por trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de trabalho”.

Porém, a letra fria da lei não é capaz de traduzir o real significado prático do cooperativismo na vida de uma cooperativa, de seus cooperados e sua influência na comunidade.

A Cooperlagos, fundada no ano de 2006 com apoio do poder público local, desde então, vem transformando a vida de cooperados e seus familiares, bem como da população de São José do Rio Preto, tendo por objetivo promover a inclusão socioprodutiva, a geração de trabalho e renda e a preservação ambiental através do cooperativismo.

Nesses 19 anos de história, acolhemos pessoas oriundas de situações de vulnerabilidade que se encontravam na invisibilidade social, muitas delas por dificuldade de competir com o mercado de trabalho, até mesmo por conta de seu histórico de vida.

Durante estes anos de trabalho, dedicação, comprometimento de todos e apoio da população é como se passasse um filme na cabeça. Depois, o que até aqui avançamos em termos de capacitações, investimento em equipamentos e tecnologia visando diminuir o esforço físico e potencializando a capacidade produtiva do grupo.

Agora, falando de números, na questão do impacto ambiental neste período foram: 40 mil toneladas de resíduos reciclados/processados, o que equivale a 150 campos de futebol do Maracanã, que deixaram de ir para o aterro sanitário, impactando negativamente em recursos naturais e financeiros e voltando para a cadeia produtiva.

Ocorre que, em pleno ano internacional das cooperativas, o que inclusive motivou a elaboração do PL 357/2025 que tramita no Congresso Nacional, no qual se busca reconhecer o cooperativismo como manifestação da cultura nacional, a Cooperlagos vem sofrendo com a falta de reconhecimento pela atual gestão que, sem entendimento de causa, aventa a possibilidade do rompimento de uma parceria imprescindível e outrora elogiável.

Assim, temos muito a comemorar nessas quase duas décadas de história, mas é indispensável que o poder público municipal olhe para o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e execute-o em sua integridade, de modo a prestigiar a contratação das cooperativas de catadores para exercerem o trabalho que envolve a coleta seletiva e destinação dos resíduos sólidos recicláveis.

Tereza Marta Pagliotto

Assistente social e gestora da Cooperlagos

Helena Maria Carvalho

Presidente da Cooperlagos