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ARTIGO

Eleições sob pente-fino

Havia um fenômeno pouco entendido: quem representava o "novo" tinha maior votação

por Laerte Teixeira da Costa
Publicado em 08/09/2025 às 18:44Atualizado em 09/09/2025 às 10:58
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Analisei minuciosamente todas as eleições de 1976 a 1994. Apresentei aos próceres do Partido (MDB e depois PMDB). Não foi um trabalho simples, exigiu tempo, elaboração estatística e opiniões pessoais sustentadas em dados. Talvez exista alguma cópia por aí. Como estou descartando todos os velhos papéis, encontrei um desses textos.

Ao relê-lo, observei que continha informações importantes, incluindo “nitroglicerina pura”. Por exemplo: toda a reclamação e argumento do professor Octacílio Alves de Almeida sobre sua derrota eleitoral na eleição de 1986. Culpava o prefeito Manoel Antunes por ter nomeado Nelson Seixas para a Secretaria da Saúde.

O doutor Nelson já havia sido vereador e sempre foi um nome sonante por seu trabalho na APAE. Ao voltar à vitrine, foi cortejado e saiu candidato a deputado federal. Elegeu-se. Em 1994 fui candidato a deputado federal, mas, em uma eleição com recordes de votos brancos, nulos e abstenções, todos sofremos as consequências desse fenômeno.

Fiquei aborrecido, porém, ao rever os números notei que não foram tão ruins diante do quadro excepcionalmente negativo. Em 1994, os três candidatos do PMDB a deputado federal mais votados na cidade foram Edinho Araújo (4,31%), Laerte Teixeira da Costa (2,82%) e Aloysio Nunes Ferreira (1,93%). Edinho e Aloysio tiveram votos em todo o Estado e se elegeram.

Naquela última metade do século 20, havia um fenômeno pouco entendido. Sempre alguém representava o "novo" e tinha maior votação. Nessas eleições de 1994, os mais votados foram Marcelo Gonçalves (24.214) e Nelson Silva (17.365), respectivamente candidatos a deputado estadual e federal.

Outros dois bem-votados na cidade foram Silvio Benito Martini (3.513) e Etivaldo Vadão Gomes (7.239), igualmente eleitos a deputado estadual e federal. Naquele ano, a votação de Liberato Caboclo foi razoável (7.759) diante do quadro bem complicado. O relatório concluiu que a velha turma do PMDB local não se credenciaria para as próximas eleições municipais de 1996. O que de fato aconteceu.

Terminava o domínio de 14 anos do MDB. Iniciara-se em 1982 com a eleição de Manoel Antunes e findava com o mesmo Manoel Antunes deixando a prefeitura nas mãos de Liberato Caboclo. Nesse período, com a prevalência dos investimentos sociais sobre os produtivos, a cidade passou por profundas transformações. Dobrou de tamanho.

Laerte Teixeira da Costa

Vice-presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e ex-vereador de Rio Preto