Diário da Região
RADAR ECONÔMICO

Falta de dinheiro no caixa é prejuízo?

Essa confusão entre essas questões são problemas recorrentes em muitas empresas

por Wagner Antonio Jacometi
Publicado há 20 horasAtualizado há 6 horas
Wagner Antonio Jacometi (Divulgação)
Wagner Antonio Jacometi (Divulgação)
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Muitos gestores se referem aos termos econômico e financeiro como se fossem palavras sinônimas, como se significassem a mesma coisa, inclusive usando-as rotineiramente como uma única palavra composta: econômico-financeiro. Assim, é bastante comum se ouvir alguns gestores comentarem que estão – ou não – com problemas econômico-financeiros.

É importante salientar que esses dois termos não são sinônimos: econômico e financeiro tem significados completamente diferentes. E, para o bom gerenciamento de um negócio, é imprescindível que se tenha clareza a respeito desses conceitos. Não necessariamente pela questão referente aos termos em si, mas pelos impactos que o conhecimento de cada situação terá sobre as estratégias a serem tomadas na gestão da empresa.

A situação econômica se refere ao resultado, ao lucro ou prejuízo. Ou seja, dizemos que uma empresa tem saúde econômica se suas atividades geram lucro. Já a situação financeira se refere a giro de caixa, às entradas e saídas de dinheiro. Uma empresa com saúde financeira tem dinheiro suficiente para pagar suas obrigações em dia sem a necessidade de buscar recursos de curto prazo, como antecipação de recebíveis, utilização de cheque especial ou, ainda, uso das linhas de crédito automáticas oferecidas pela maior parte dos bancos comerciais. Em contrapartida, ter problemas econômicos significa não gerar lucro e ter problemas financeiros significa não ter dinheiro suficiente em caixa.

Os relatórios contábeis e gerenciais que apontam estas duas situações, além de serem diferentes, são elaborados sob diferentes regimes. A situação econômica é demonstrada pelo demonstrativo de resultados, que reflete as receitas das vendas deduzidos de todos os gastos (custos, despesas, impostos…), registradas no momento em que ocorre o fato gerador, independentemente de terem sido efetuados os pagamentos ou recebimentos referentes a esses fatos. E no fluxo de caixa são registradas as entradas e as saídas de recursos exatamente no momento em que ocorrem, não importando quando ocorreu o fato gerador, incluindo aquelas que não tem a ver com a operação da empresa.

Isso significa que uma empresa pode ter uma boa saúde econômica, estar gerando lucro e não ter caixa suficiente para seu giro, precisando buscar recursos adicionais. Da mesma forma, a empresa pode estar com uma situação financeira confortável, mas suas atividades estarem gerando prejuízo. E, por mais que possa parecer estranho, ambas são situações que ocorrem com bastante frequência, sem que os gestores tenham o exato conhecimento do que está acontecendo e não tenham segurança de quais ações devem ser priorizadas.

Esse descompasso ocorre justamente pela natureza dos relatórios, um deles feito por regime de caixa e outro por regime de competência. Se, por exemplo, sua empresa realizou vendas a prazo, os registros no demonstrativo de resultados serão feitos no mês da venda e os registos no fluxo de caixa serão feitos nos meses em que ocorrem o pagamento ou o recebimento.

Essa confusão entre essas questões são problemas recorrentes em muitas empresas. E o que se vê comumente e são gestores de empresas que estão passando por algum problema pontual, tomarem decisões equivocadas, justamente por não terem esse conceito muito claro.

Wagner Antonio Jacometi

Consultor de Negócios - Sebrae