Grau de investimento
O nosso déficit fiscal está muito maior que o de 2008, quando o Brasil obteve o selo de bom pagador. Em 2008, o crescimento real do PIB foi de 4,8%, enquanto o esperado para este ano é de 2,5%

O grau de investimentos é muito importante para um país e não o temos no momento, para isso o Brasil precisa não somente estabilizar a sua dívida, mas reduzi-la. A Fitch, agência de classificação de riscos, não vê esta possibilidade a curto prazo.
Este ano teremos um crescimento econômico acima do esperado — devemos crescer 2.5% — o desemprego está baixo, ocorreu uma pequena queda na inflação, mas, mesmo assim, o país está longe de obter o grau de investimento.
O que eleva a possibilidade de obter novamente o grau de investimentos é a consolidação fiscal, o controle das contas públicas, que quando fora dos níveis estabelecidos geram consequências desastrosas para a economia, tais como, inflação, juros altos, desemprego, fugas de investimentos.
Entre 2008 e 2015, o Brasil teve o selo de bom pagador. Hoje, estamos com a nota BB com perspectiva estável, dois degraus abaixo do grau de investimento. A diretora da Fitch, Shell Shetty, diz que países levam, em média, seis anos para recuperar o grau de investimento perdido. No nosso caso, faz uma década que o grau foi perdido e, nada mostra que o recuperarmos em breve.
O nosso déficit fiscal está muito maior que o de 2008, quando o Brasil obteve o selo de bom pagador. Em 2008, o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 4,8% o esperado para este ano é de 2,5%. Já o percentual da dívida em relação ao PIB era de 56%, a expectativa é que termine o ano em 79,3%.
Precisamos melhorar o ambiente de negócios, a economia precisa crescer mais, flexibilizar os gastos obrigatórios que comprometem quase todo o orçamento.
Hoje, 92% do orçamento da União é para despesas obrigatórias, não sobra quase nada para investimentos. O corte de gastos é necessário, a arrecadação precisa crescer justamente para gerar um superavit primário de 2% a 3% do PIB para estabilizar a dívida.
No próximo ano teremos eleições e, como sabemos, aumentam-se os gastos públicos e, assim, a economia brasileira continua sendo especulativa para os investimentos estrangeiros. Assim vai ficando difícil sairmos do grau especulativo.
No momento estamos cinco graus acima do alto risco de inadimplência e dois abaixo da boa avaliação com “qualidade média”, tanto na Fitch quanto na Standard & Poor’s.
O grau de investimento é necessário, ao representar a confiança dos investidores em uma economia e capacidade de pagamento, vejamos porque:
Atrai investimentos: países com grau de investimento atraem mais investimentos, ao serem vistos como mais seguros, geram produção e empregos e um maior intercâmbio com os demais países
Menor custo de empréstimos: o Brasil pode obter empréstimos com taxas de juros mais baixas, reduzindo o custo da dívida pública.
Aumento da credibilidade: o grau de investimento é um selo de confiança que dá credibilidade ao país no mercado financeiro internacional.
Mais fontes de financiamentos: alguns fundos de investimentos só podem investir em países com grau de investimento
Crescimento econômico: com mais investimentos e custo menor dos empréstimos, poderemos ter um crescimento econômico contínuo e robusto, enquanto a perda do grau de investimento, entre outras coisas, leva ao problema de liquidez e instabilidade econômica.
No atual governo não temos uma política fiscal rigorosa e, sim, projetos eleitoreiros.