Inteligência emocional no futebol
Atualmente, os jovens preferem torcer para os times campeões e com razão

Sou palmeirense. Como a maioria dos torcedores nascidos nas décadas de 50 a 2000, os pais influenciavam e os filhos torciam para o mesmo time. Atualmente, os jovens preferem torcer para os times campeões e com razão, a última vez que a seleção brasileira de futebol foi campeã na Copa do Mundo foi em 2002.
Mas nesse quatro de julho, à tarde, dia da Independência americana, em Orlando, o Fluminense garantiu vaga na semifinal da Copa do Mundo de clubes, ao derrotar o Al-Hilal, time da Arábia Saudita. Durante o jogo não sabia para quem torcer. O time árabe tem jogadores brasileiros e um goleiro marroquino excelente. Decidi apreciar a “peleja” e me divertir.
Não frequento os estádios. Prefiro acompanhar os jogos pela TV. Para gerenciar as emoções e minimizar os dissabores, ao mesmo tempo que assisto pela TV, acompanho no celular. Ocorre um atraso entre a imagem da TV e a do celular e assim consigo gravar as imagens do gol. Depois, no YouTube, baixo a gravação do gol narrado pelos locutores das rádios mais populares. Junto as imagens do gol ao vídeo da narração do locutor de rádio.
Após uns cinco minutos do gol, consigo gerar um vídeo de um minuto que imediatamente posto nas redes sociais. Se o gol é o do meu time, fico feliz. Mas também se o gol é do adversário, o vídeo deixará contente os torcedores adversários. Não tenho amigos fluminenses. Gravei os gols do Fluminense, apaguei o som da narração e inseri o áudio da música Bye-bye Tristeza da Sandra de Sá.
“Ninguém aqui é puro anjo ou demônio. Nem sabe a receita de viver feliz.
Não dá pra separar o que é real do sonho. Eu não tô aqui pra sofrer. Vou sentir saudade pra que! Quero ser feliz. Bye bye tristeza não precisa voltar”. A música acasalou perfeitamente com a emoção da vitória fluminense
Mas nesse quatro de julho, à noite, na Filadelfia, sob show pirotécnico, (que por sinal gera muita poluição do ar), o Palmeiras perdeu, mais uma vez, para o inglês Chelsea.
Fiz o vídeo dos gols do Chelsea, ao som de El Silenzio, melodia italiana melancosa tocada em funerais militares. Durante o jogo fiquei mais ocupado em gravar as imagens dos gols, editar o vídeo, que torcer desesperadamente pelo time do coração. Se o Palmeiras tivesse ganhado... excelente! Mas, o Fluminense continuou vivo na Copa do Mundo. Nas derrotas, valorizar os bons resultados dos adversários, é uma forma de inteligência emocional. A Sandra de Sá está certa: bye-bye tristeza não precisa voltar!
José Mário Ferreira de Andrade
Engenheiro civil e sanitarista