Diário da Região
RADAR ECONÔMICO

Introduzir o empreendedorismo no ensino fundamental

A longo prazo, os resultados são expressivos: jovens mais preparados para o mercado de trabalho, maior geração de renda local, diminuição da evasão escolar e fortalecimento da autoestima coletiva

por Marcos Vieira
Publicado em 15/10/2025 às 20:19Atualizado há 19 horas
Institucionais ER - Escritório Regional São José do Rio Preto - Data: 10/09/2021 - Local: São José do Rio Preto, SP - Foto: Xavier Neto/Plus Images (Ferdinando Ramos/Plus Images)
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Institucionais ER - Escritório Regional São José do Rio Preto - Data: 10/09/2021 - Local: São José do Rio Preto, SP - Foto: Xavier Neto/Plus Images (Ferdinando Ramos/Plus Images)
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Introduzir o empreendedorismo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, representa uma das estratégias mais eficazes para transformar a educação em um instrumento de desenvolvimento humano, social e econômico sustentável. Muito além da simples ideia de “abrir um negócio”, o empreendedorismo, quando trabalhado desde cedo, estimula habilidades essenciais como criatividade, autonomia, responsabilidade, trabalho em equipe, empatia e resolução de problemas — competências indispensáveis para o século XXI e para a formação de cidadãos conscientes e proativos.

Ao inserir o empreendedorismo no cotidiano escolar, a criança começa a compreender desde cedo o valor do esforço, da cooperação e da inovação. Em sala de aula, as atividades empreendedoras podem surgir de forma lúdica e interdisciplinar: projetos de reciclagem, feiras de trocas, hortas comunitárias, pequenas iniciativas solidárias ou simulações de negócios que envolvam matemática, português, ciências e artes. Essas práticas ajudam a criança a perceber que suas ideias têm valor e que ela pode ser agente de transformação no meio em que vive. Assim, forma-se uma geração que não apenas busca oportunidades, mas é capaz de criá-las.

Para a gestão pública municipal, investir na educação empreendedora é apostar em um futuro de maior autonomia econômica e menor dependência de políticas assistenciais. Municípios que implantam programas de empreendedorismo na educação básica fortalecem sua base social e ampliam as perspectivas de renda da população. Quando uma criança aprende a planejar, sonhar e executar um projeto, ela leva esses aprendizados para sua vida adulta, tornando-se mais propensa a empreender, gerar empregos e movimentar a economia local. É um investimento com retorno garantido a médio e longo prazo.

Além disso, a educação empreendedora ajuda a construir uma cultura de sustentabilidade e cidadania. Ao compreender que o empreendedorismo não se resume ao lucro, mas também à geração de valor social e ambiental, os estudantes aprendem a pensar no coletivo, a cuidar dos recursos naturais e a valorizar sua comunidade. Essa visão ampliada forma cidadãos mais comprometidos com o desenvolvimento socioeconômico do município e mais conscientes de seu papel na sociedade.

Para os gestores públicos, apoiar a implantação dessa abordagem significa adotar uma política inovadora e transformadora. É possível integrar o empreendedorismo ao currículo escolar com capacitação de professores, parcerias com instituições de ensino técnico e superior, incentivo a projetos locais e criação de feiras municipais de ideias e inovação. Dessa forma, a escola torna-se um laboratório vivo de criatividade e protagonismo.

A longo prazo, os resultados são expressivos: jovens mais preparados para o mercado de trabalho, maior geração de renda local, diminuição da evasão escolar e fortalecimento da autoestima coletiva. Cidades que incentivam a educação empreendedora formam cidadãos mais participativos, gestores mais conscientes e comunidades mais resilientes.

Portanto, abordar o empreendedorismo desde os primeiros anos do Ensino Fundamental não é apenas uma proposta pedagógica moderna — é uma estratégia inteligente de gestão pública, capaz de unir educação, economia e cidadania em um mesmo propósito: formar indivíduos aptos a construir o próprio futuro e contribuir de maneira efetiva para o desenvolvimento socioeconômico e cultural de toda a comunidade.

Marcos Vieira

Analista de Negócios do Sebrae-SP