Jogos Geopolíticos

As transformações cotidianas nos levam a reflexões sobre o futuro da humanidade, alterações crescentes em todos os setores da comunidade global geram medos, decepções, incertezas e variadas angústias. Vivemos num mundo centrado no medo e na desesperança, os empregos estão passando por fortes modificações estruturais, atividades que anteriormente exigiam força física passaram a ser substituídas por máquinas e novas tecnologias digitais, neste cenário, percebemos que os adultos estão receados de perderem seus empregos e serem substituídos por novos equipamentos, os jovens, ao olharem a situação dos adultos, perdem suas esperanças e reformulam seus objetivos de vida, sua empregabilidade, modificam seus relacionamentos afetivos, postergam seus estudos e investem nas jogatinas das bets, sonhando com o enriquecimento fácil.
Vivemos numa sociedade marcada por grandes mutações geopolíticas, os interesses das nações estão passando por modificações estruturais, países vistos como amigos estão deixando alianças históricas e buscando novos horizontes, os vínculos anteriores estão sendo alterados e reestruturados, gerando incertezas e novos espaços de conflitos, que podem culminar em confrontos militares e outras agressões cotidianas. Depois de mais de 80 anos tutelando os países europeus, os norte-americanos se afastam e exigem que os países da região banquem seus custos de defesa, desta forma, abrem novos espaços para alavancar os setores de defesa e garantem novos negócios milionários para os Estados Unidos.
Neste ambiente, vivemos um momento de grandes agitações geopolíticas motivadas pelos interesses de grandes grupos norte-americanos que dominam a sociedade, impondo suas estratégias, aumentando as tarifas comerciais, adotando medidas que geram ingerências em questões internas de outras nações, estimulando nacionalismos, conflitos econômicos e gerando uma verdadeira bagunça institucional que limita a capacidade de planejamento econômico e organização de suas cadeias produtivas.
A conjuntura econômica internacional está passando por grandes transformações, neste cenário, percebemos agitações geopolíticas globais, nestas mutações visualizamos o nascimento de um mundo multipolar, onde os centros de poder não estão mais concentrados em apenas uma única nação, percebemos o surgimento de vários polos de poder que nascem e se estruturam, com isso, percebemos o crescimento dos confrontos cotidianos entre países, ameaças constantes, violências verbais e simbólicas que crescem diuturnamente, aumentando as incertezas e as instabilidades que geram caos econômicos e produtivos.
A Ásia cresce de forma acelerada e ganha espaço em todas as áreas e setores produtivos, gerando preocupações crescentes pelo fortalecimento econômico e produtivo de seus países. As nações que dominavam o cenário global vêm perdendo espaço na sociedade mundial, a antes nação dominante, que dominou o ambiente econômico e financeiro mundial sente o crescimento de novos polos de poder e usa seu poder e sua influência para limitarem o crescimento de seus opositores, desta forma, percebemos, mais claramente, as ações adotadas pelo governo norte-americano, que nos últimos meses gerou grandes constrangimentos na sociedade internacional.
Neste cenário, vivemos um verdadeiro xadrez geopolítico global, onde todos os passos devem ser estudados e planejados, novos horizontes estão sendo construídos e cabe a cada nação escolher seus passos, analisar seus horizontes e os desafios que se apresentam, neste ambiente, percebemos, ainda, que somos muito mais frágeis e dependentes do que imaginamos, passou da hora de reconhecermos nossas fragilidades econômicas, institucionais e tecnológicas e investirmos fortemente em capital humano, as colheitas não são imediatas, antes de colhermos, precisamos plantar.
Ary Ramos da Silva Júnior
Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.