Love Boombing: Amor e Manipulação
Essa estratégia é frequentemente associada a padrões abusivos de comportamento

O amor, em sua forma mais genuína, é construído com o tempo, com base na confiança, respeito e reciprocidade. No entanto, nem toda demonstração intensa de afeto significa um relacionamento saudável. Um fenômeno psicológico e emocional conhecido como Love Boombing tem ganhado atenção, principalmente entre especialistas em relacionamentos e saúde mental.
Love Boombing é uma tática de manipulação que consiste em bombardear alguém com carinho, elogios, atenção e promessas exageradas nos estágios iniciais de um relacionamento. A pessoa que pratica esse comportamento tende a agir de maneira encantadora e intensa, fazendo a outra parte sentir que encontrou o “amor da sua vida” em pouquíssimo tempo.
Embora pareça romântico, o Love Boombing geralmente esconde intenções de controle emocional. A vítima, seduzida pela atenção excessiva, cria um vínculo rápido e profundo, acreditando estar em um relacionamento ideal. No entanto, quando a confiança está estabelecida, o comportamento do “bombardeador” muda: surgem cobranças, ciúmes, manipulação e, muitas vezes, tentativas de isolamento.
Essa estratégia é frequentemente associada a padrões abusivos de comportamento, especialmente em casos envolvendo transtornos de personalidade, como o narcisismo.
O Love Boombing não é apenas uma demonstração de afeto exagerado — é um mecanismo de controle que visa gerar dependência emocional, fazendo com que a vítima se sinta incapaz de sair da relação.
Como identificar o Love Boombing?
Alguns sinais comuns incluem: declarações de amor precoces, mesmo sem convivência profunda; contato constante: dezenas de mensagens ou ligações diárias; presentes frequentes e inesperados, como forma de “compensar” ou agradar; tentativas de acelerar a relação, como falar em casamento ou morar juntos rapidamente; críticas veladas a amigos ou familiares, com o intuito de isolar a vítima.
Reconhecer o Love Boombing é o primeiro passo para romper o ciclo. Em casos mais graves, buscar ajuda psicológica é fundamental. Conversar com amigos ou familiares de confiança também pode trazer uma visão externa e mais clara sobre o relacionamento.
Amor saudável é construído, não imposto. Ele respeita o tempo do outro, aceita limites e não precisa de explosões diárias para provar que existe.
Fique atenta: quando o “amor” chega como uma tempestade, talvez não seja amor, mas manipulação.
Lana Braga
Educadora social, bacharel em Direito, especialista em violência doméstica e fundadora do Instituto Maria na Comunidade