Novo fôlego para o mercado imobiliário
O cenário parece ganhar contornos promissores, com estímulos à indústria imobiliária e da construção civil, setores que desempenham um importante papel na economia brasileira, gerando riqueza e bem-estar social

O novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo representa importante avanço para habitação no Brasil. Com mudanças estruturais, as medidas que modernizam o uso dos recursos da poupança e ampliam o acesso à casa própria são muito bem-vindas e trazem expectativas positivas para o mercado consumidor e os empreendedores.
Principalmente para famílias com renda acima de R$ 12 mil, um segmento que, até então, encontrava dificuldades em acessar linhas de crédito habitacional adequadas. A elevação do teto para financiamentos no SFH (Sistema Financeiro da Habitação) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com juros de até 12% ao ano, proporciona à classe média condições mais favoráveis e compatíveis com sua capacidade de pagamento.
Outra frente, talvez a mais estruturante, é a que devolve à poupança seu protagonismo no financiamento imobiliário. O novo modelo prevê a liberação gradual dos recursos da poupança hoje depositados compulsoriamente no Banco Central. De imediato, serão liberados 25% desses valores, injetando entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões no mercado. Este capital é a força necessária para dinamizar a construção civil, gerar empregos e movimentar toda a cadeia produtiva da indústria imobiliária.
O direcionamento dos depósitos da poupança para o crédito imobiliário também será ampliado escalonadamente. A meta é que, até 31 de dezembro de 2026, 80% dos recursos sejam aplicados em operações do SFH e 20% em outros financiamentos imobiliários. A visão de futuro na gestão dos recursos da poupança é fundamental para a saúde do sistema e do mercado. No caso, essa flexibilização assegura a sustentabilidade do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) a longo prazo, proporcionando um fôlego de 20 a 25 anos.
Composto por uma série de ações, o programa tem ainda como aspecto positivo a transição gradual, com plena vigência a partir de janeiro de 2027, permitindo ‘testar’ a eficiência e, se for o caso, promover eventuais ajustes e adequações. Até porque, o atual sistema está funcionando e, se a proposta é de modernizá-lo, nada mais prudente do que submeter o novo modelo a um período de testes.
Importante destacar também o papel do Secovi-SP e de entidades do setor que, ao longo dos últimos meses, mantiveram intensa agenda de interlocução com o governo, e apresentaram propostas elaboradas com base em estudos técnicos e análises aprofundadas.
A receptividade do governo foi essencial para a concretização de um modelo que equilibra as necessidades do mercado e a capacidade de investimentos. O diálogo construtivo e a demonstração de confiança no setor resultaram em um modelo com potencial para impulsionar o mercado, ampliar o acesso à moradia e contribuir para o desenvolvimento econômico do País.
Para completar o pacote de boas notícias, a Caixa Econômica Federal voltou a financiar até 80% do valor de imóvel pelo SBPE, retomando limite anterior a novembro do ano passado, quando o esgotamento da capacidade de crédito levou o banco a reduzir o teto para 70%.
O cenário parece ganhar contornos promissores, com estímulos à indústria imobiliária e da construção civil, setores que desempenham um importante papel na economia brasileira, gerando riqueza e bem-estar social.
Thiago Ribeiro
Diretor-regional do Secovi-SP em São José do Rio Preto