O marketing não é operação - é estratégia
O mundo corporativo não precisa de executores de posts que apenas replicam o passado

Ainda contratamos como se estivéssemos em 1995, priorizando currículos, títulos e perfis técnicos rígidos. No universo do Marketing, essa miopia é uma sentença que atrasa e encarece o crescimento. A área que deveria ser o motor de inovação e a voz estratégica da organização segue aprisionada por descrições de cargo obsoletas, que buscam um “executor perfeito” de tarefas táticas — quando o que realmente importa hoje é a capacidade de adaptação, a visão sistêmica e a agilidade intelectual.
A especialização extrema — o expert em uma única plataforma, funil ou canal — que já foi sinônimo de sucesso, agora é uma armadilha. O mercado se transforma em ciclos cada vez mais curtos, e quem não acompanha, fica para trás. É urgente que os gestores compreendam: o profissional de Marketing não é um mero gestor de redes sociais nem um operador de planilhas de ads. Essa é uma redução perigosa.
O verdadeiro profissional de Marketing do presente é aquele que conecta dados de mercado, transita entre conteúdo, experiência do cliente, inteligência de negócios e propósito de marca. Em vez de buscar operadores de ferramentas, as empresas precisam de integradores — mentes capazes de transformar a complexidade digital e as incertezas do mercado em soluções de valor criativo e estratégico.
Ao exigir o técnico rígido e limitado, as organizações acabam rejeitando o talento que reinventa. O valor real não está na proficiência em um software específico, mas na resiliência adaptativa — na habilidade de conectar o que muda rápido à essência da marca e à sua promessa de valor.
É hora de abandonar a obsessão pelo “encaixe perfeito” em vagas pré-moldadas e buscar quem expande o time: profissionais com repertório multidisciplinar, diversidade de pensamento e coragem para questionar o que já existe. O mundo corporativo não precisa de executores de posts ou de anúncios impecáveis que apenas replicam o passado.
O marketing do futuro — que já começou — será feito por quem conecta dados e propósito, estratégia e sensibilidade, tecnologia e intuição. O salto que sua empresa precisa não está em mais ferramentas, mas em pessoas capazes de enxergar o todo e pensar estrategicamente. Porque o marketing, em sua essência, nunca foi operação. É — e sempre será — estratégia.
Josiane Amoriele
Publicitária com especialização em Comunicação e Marketing. Ex-secretária de Comunicação Social de São José do Rio Preto, atua como consultora e estrategista na construção de marcas e na gestão de comunicação empresarial