Qual cidade estamos construindo para o amanhã?
A Região Metropolitana de Rio Preto, formalizada em 2021, tem dado sinais positivos

Em 2015, o mundo se comprometeu com uma agenda ousada e esperançosa: alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. No entanto, a menos de cinco anos do prazo, a realidade exige um alerta. O novo relatório da ONU, lançado em julho, mostra que apenas 35% das metas estão no caminho certo. Quase metade avança em ritmo insuficiente e 18% das metas, infelizmente, retrocederam. Se nada for feito com urgência, quase 9% da população mundial ainda estará em situação de extrema pobreza em 2030.
Diante desse cenário, precisamos nos perguntar: que cidade, região ou país estamos realmente construindo para o futuro?
A Região Metropolitana de São José do Rio Preto, formalizada em 2021, tem dado sinais positivos. Composta por 37 municípios e liderada por Rio Preto, ela representa uma oportunidade estratégica para romper barreiras institucionais e promover o desenvolvimento regional integrado. Ações recentes mostram avanços importantes, como a busca por projetos estruturantes nas áreas de mobilidade, energia limpa, habitação, economia circular e inovação urbana. A articulação entre prefeituras, sociedade civil, universidades e setor produtivo indica maturidade para um novo ciclo de planejamento urbano e desenvolvimento sustentável.
No entanto, os desafios são complexos e urgentes. O mundo enfrenta o envelhecimento acelerado da população, a disrupção do trabalho com a inteligência artificial, a emergência climática, o crescimento da desigualdade social e territorial, além da fragilidade dos sistemas de proteção social.
O relatório da ONU propõe seis áreas prioritárias para reverter esse quadro: sistemas alimentares sustentáveis, acesso à energia, transformação digital, educação de qualidade, empregos e proteção social, ação climática e preservação da biodiversidade. São diretrizes que devem inspirar uma nova agenda urbana, desde já.
Por isso, precisamos dar início a uma Agenda 2050. Mais estratégica, adaptativa e pactuada entre todos os setores. Essa nova agenda deve antecipar cenários e alinhar políticas públicas às grandes transições em curso: energética, digital, demográfica e ecológica. Planejar agora é garantir resiliência amanhã.
O que virá após 2030? Se a Agenda 2030 está em sua reta final, é tempo de iniciar a construção de uma nova pactuação de futuro: uma Agenda 2050, ousada, integrada e possível. Uma agenda que parta das cidades e coloque as pessoas no centro. Que reforce o compromisso com a equidade, a justiça climática, a inclusão produtiva e a inovação social. Porque o futuro que desejamos depende das decisões que tomarmos agora.
Rafael Nogueira
Servidor público municipal, agente de governança na Rede Governança Brasil, @rafaelscooby86