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ARTIGO

Quando a cidade precisa levantar sua voz

Rio Preto não é quartel, não tem dono e não aceita ser governada à sombra de decisões obscuras

por Carlos Alexandre
Publicado em 01/12/2025 às 19:50Atualizado em 02/12/2025 às 10:24
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Há momentos em que a democracia pede mais do que opiniões de sofá. Ela exige presença. Exige corpo, voz, movimento. E Rio Preto está, mais uma vez, diante dessa encruzilhada.

A proposta de reforma da Previdência Municipal enviada pelo prefeito Coronel Fábio Candido chega à Câmara no mesmo modo de sempre. Sem diálogo, sem estudo público, sem debate com os servidores e sem respeito ao papel do Legislativo. É o velho hábito de governar por cima, como se a cidade fosse quartel e não comunidade viva.

É exatamente por isso que precisamos ocupar as ruas e acompanhar de perto cada sessão da Câmara, pressionando vereadores a lembrarem quem os elegeu e a quem devem fidelidade. Ou seja, ao povo, não ao Executivo.

A reforma da Previdência atinge diretamente milhares de famílias e impactará o futuro da cidade por décadas. Não pode, de forma alguma, ser tratada como mero carimbo administrativo. Da mesma forma, causa profunda preocupação a maneira como o prefeito vem conduzindo debates sobre PPPs, entregando patrimônio público, serviços essenciais e projetos estratégicos para a iniciativa privada como quem empurra papel na mesa, sem transparência, sem consulta e sem avaliar consequências. PPP é ferramenta séria; nas mãos erradas vira privatização disfarçada e risco à população.

E se já não bastasse, assistimos também ao absurdo de querer transformar uma área originalmente destinada a creche municipal no Centro, em Escola Cívico-Militar, rejeitando um projeto que atenderia mães trabalhadoras, famílias vulneráveis e crianças pequenas que precisam, urgentemente, de política pública de verdade. No lugar disso, impõe-se o modelo ideológico que fracassa Brasil afora, apenas para satisfazer viúvas do bolsonarismo e agendas que nada têm a ver com a necessidade real do município.

Rio Preto está nas mãos de um coronel que demonstrou talento para duas coisas: ser ruim de gestão e pior ainda de política. Falta sensibilidade, sobra autoritarismo. Falta planejamento, sobra improviso. E quando quem deveria dialogar foge do debate, cabe à população chamar pelo megafone.

Como se não bastassem os tropeços institucionais, ainda vemos a velha guarda do extremismo local esperneando contra um comerciante da cidade porque, pasmem, seus frequentadores têm opiniões progressistas. Estamos vivendo o tempo do “boicote ideológico”, esse truque de quem não tem argumento e tenta calar quem pensa diferente. É a patrulha moral do atraso tentando intimidar a vitalidade plural da cidade.

Mas Rio Preto é maior do que isso. Rio Preto não cabe na caixinha limitada do extremismo. Rio Preto tem história de diversidade, coragem e mobilização. E é por isso que o recado precisa ser claro. A cidade só funciona quando o povo vigia. O poder só respeita quando o povo se impõe.

Não há nada mais democrático do que ocupar as ruas, pressionar vereadores, acompanhar votações, exigir explicações, fortalecer sindicatos, dialogar com comerciantes, defender quem sofre ataques por pensar diferente. Este é o momento de mostrar que Rio Preto não é quartel, não tem dono e não aceita ser governada à sombra de decisões obscuras. A cidade merece luz, debate e participação e só quem se mobiliza conquista isso.

Carlos Alexandre

Presidente do Partido dos Trabalhadores.