Regência de Sango é o sincretismo
No plano coletivo, espera-se que questões judiciais, sociais e políticas venham à tona

Sim, na religiosidade afro-brasileira, especialmente no Candomblé e na Umbanda, existe uma rica tradição de sincretismo, onde orixás africanos foram associados a santos católicos durante o período da colonização e escravidão no Brasil. Essa prática surgiu como uma forma de resistência e preservação da fé africana sob a opressão do sistema escravocrata e da imposição do catolicismo.
Xangô (ou Sàngó) é um dos orixás mais cultuados nas religiões de matriz africana. Ele é o orixá da justiça, do trovão, dos raios e do fogo. Representa o poder, a sabedoria e a retidão, sendo também associado à virilidade, à força e à liderança. Seu arquétipo é o do rei guerreiro, implacável com os injustos, mas protetor daqueles que seguem a verdade. No sincretismo religioso afro-brasileiro, Xangô é comumente associado a São Pedro, São João Batista e, em algumas regiões, São Jerônimo.
A associação mais comum é com São Pedro, especialmente na Umbanda. Ambos são figuras de autoridade e guardiões de portais importantes — Xangô, da justiça e do equilíbrio cósmico; São Pedro, do paraíso cristão.
De acordo com interpretações dentro da espiritualidade afro-brasileira, o ano de 2025 está sob a regência de Xangô, o que traz implicações importantes para o campo espiritual, social e pessoal. A regência de Xangô marca um ciclo em que temas como justiça, verdade, equilíbrio e merecimento ganham protagonismo. É um ano propício para colheitas de ações passadas, onde cada um receberá conforme plantou.
No plano coletivo, espera-se que questões judiciais, sociais e políticas venham à tona com força. Escândalos, revelações e reavaliações éticas tendem a surgir, impulsionando mudanças estruturais. Xangô não tolera injustiça, corrupção ou falsidade — por isso, 2025 pode ser um ano de ajustes dolorosos, mas necessários.
No plano individual, a regência de Xangô pede coerência entre palavras e ações, escolhas responsáveis e justiça nas relações. É tempo de assumir os próprios atos e buscar reconciliações com a verdade interior. Também é um período favorável para estudos, concursos, decisões jurídicas e alinhamento com o propósito de vida.
É recomendável, para quem cultua os orixás ou simpatiza com a espiritualidade afro-brasileira, oferecer velas, frutas e orações a Xangô, pedir sabedoria para julgar com equilíbrio e força para enfrentar verdades.
Com sua coroa, machado duplo (oxé) e sua ligação com o fogo e o trovão, Xangô nos lembra que todo poder vem com responsabilidade e que a justiça é uma força divina que não pode ser corrompida. Em 2025, ele nos convida a sermos justos, éticos e verdadeiros — com os outros e com nós mesmos.
Mãe Márcia da Osun
Membra do coletivo Mulheres na Política - SJRP