Região Metropolitana: integração e acolhimento
Rio Preto e Olímpia deixam claro que a força regional nasce da diversidade de vocações

A polêmica fala do secretário de Desenvolvimento Econômico de São José do Rio Preto sobre a suposta dependência de Olímpia em relação à cidade-sede da região trouxe à tona uma discussão importante: qual deve ser o verdadeiro papel de uma cidade que lidera uma região metropolitana? Mais do que exercer centralidade econômica e política, ser sede implica em assumir responsabilidade integradora, acolhedora e receptiva, entendendo que o desenvolvimento regional se fortalece pela soma das vocações de cada município e não pela imposição de uma cidade sobre as demais.
São José do Rio Preto, com população estimada em mais de 500 mil habitantes em 2025, é reconhecida como um grande polo de serviços e saúde do interior paulista. O Hospital de Base, por exemplo, é referência nacional: em 2024, foram realizados mais de 1,2 milhão de procedimentos, 132 mil atendimentos de emergência, 54 mil internações e mais de 51 mil cirurgias. Esses números mostram a força da cidade no atendimento de alta complexidade, beneficiando mais de um milhão de pessoas em toda a região. Além disso, o município se consolidou como centro universitário, de comércio e tecnologia, recebendo diariamente cidadãos de dezenas de cidades vizinhas.
Olímpia, por sua vez, com pouco mais de 55 mil habitantes, trilhou um caminho próprio e descobriu sua vocação no turismo. Apenas em 2024, recebeu aproximadamente 4,8 milhões de visitantes, ocupando posição de destaque entre os destinos mais procurados do Brasil. Só no primeiro quadrimestre de 2025, cerca de 200 mil a mais que no mesmo período do ano anterior. Essa pujança transformou Olímpia em potência econômica, geradora de milhares de empregos diretos e indiretos e motor de desenvolvimento para todo o interior.
Os exemplos de Rio Preto e Olímpia deixam claro que a força regional nasce da diversidade de vocações. Uma cidade-sede deve ter consciência de que não é um centro que absorve, mas um polo que conecta. Ser sede é liderar pelo acolhimento, criando pontes que valorizem as particularidades de cada município e respeitem a autonomia das cidades vizinhas. É dessa visão cooperativa que surge uma região metropolitana forte, equilibrada e competitiva.
A fala infeliz do secretário deve servir como alerta. A grandeza de uma cidade-sede não se mede pela arrogância com que trata seus vizinhos, mas pela generosidade com que reconhece as contribuições de cada um. Olímpia mostra que é possível ser protagonista sem depender de Rio Preto, assim como Rio Preto mostra que sua força em serviços não se construiu isoladamente, mas em diálogo com toda a região. O futuro do interior paulista depende da capacidade de suas cidades entenderem que caminhar juntas é sempre mais estratégico do que erguer muros.
Fernando Cunha
Ex-prefeito de Olímpia, empresário, engenheiro, foi presidente da CESP, deputado estadual e secretário de Estado