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ARTIGO

Reivindicação popular e os partidos políticos

Sugiro que se crie uma frente suprapartidária a favor da moralização da política

por Roberto Carlos Musegante Jr
Publicado em 28/10/2025 às 22:26Atualizado em 29/10/2025 às 09:30
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Já acompanhei em outros anos e mandatos a população de Rio Preto se organizando e se manifestando nas sessões da Câmara Municipal e audiências públicas contra atos políticos que, por vezes, não condizem com as promessas feitas durante as campanhas eleitorais ou em projetos pontuais que interferem nas finanças e na vida dos cidadãos.

Devido às modernas ferramentas tecnológicas, existe hoje um conhecimento muito maior da população em relação aos acontecimentos políticos que ocorrem na cidade, assim como a possibilidade de organização muito rápida da sociedade para mostrar seu lado. Vimos isso nas recentes discussões sobre o aumento do IPTU 2026 e na questão do Centro Pop.

A população, de forma geral, tem o conhecimento que seus representantes são os legisladores; no âmbito municipal, vereadores. Visto que eles têm poderes para rejeitar, alterar ou aprovar os projetos propostos por eles, ou pelo Executivo. Verdade!

No entanto, um detalhe importante no processo de reivindicação popular costuma passar batido: no nosso sistema eleitoral atual, as cadeiras não pertencem aos vereadores e sim aos partidos políticos, pois não existe candidatura avulsa. Mesmo sendo personagens obrigatórios e “empoderados” no processo político, os partidos são “esquecidos” durante as mobilizações. Detentores de poder que são, necessitam ser cobrados pelo posicionamento de seus membros.

Em decorrência disso, a peregrinação da sociedade organizada a fim de reivindicar seus direitos em Rio Preto deve ser feita nos 23 gabinetes de vereadores, assim como nos endereços dos partidos políticos, donos legítimos das cadeiras legislativas.

A missão do cidadão comum neste cenário é de fiscalizar, de se manifestar e cobrar seus representantes, afinal a definição de democracia diz que é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo, ou seja, os cidadãos são os reais detentores do poder e todas as decisões políticas devem estar em conformidade com o desejo popular. Uma cidade ativa e responsável é essencial para o funcionamento e fortalecimento do sistema democrático.

A aprovação do novo IPTU causa mais uma ruptura da Câmara Municipal de Rio Preto com a vontade de seu povo e os valores democráticos. Mediante os fatos, sugiro que, a partir desses grupos (IPTU e Centro Pop), se crie uma frente suprapartidária a favor da moralização da política rio-pretense para se promover uma contra campanha eleitoral, para, nas próximas eleições, apontar quem são esses vereadores e partidos para o restante da sociedade.

No caso da votação do projeto do IPTU, um áudio vazado em reunião que precedia a votação escancarou os fatos. Um vereador, em voz desafiadora, intima os demais a votar a favor: "O projeto é ruim, o projeto é horrível, todo mundo fala, ninguém está discordando de vocês". Entre alguns palavrões, segue o vereador: "Eu não estou nem um pouco preocupado". Mais à frente, lista alguns maus projetos que não tinham apoio popular, mas que eles aprovaram, e segue: "Já votamos aumento de salário, 23 cadeiras, e estamos aqui". Finaliza o escárnio fazendo a contagem entre os vereadores presentes para confirmar se existiam os votos para a aprovação do projeto. E foi como ele propôs: o “projeto ruim” foi aprovado, sem preocupação.

Sabemos que no meio político existem fatos inomináveis, mas ouvi-los assim, sem filtro, choca/ofende! Neste caso estariam os partidos políticos desses vereadores de acordo? Se não, quais providências tomaram? Desfio-os a se posicionarem!

Este é exatamente o preço que pagamos quando elegemos políticos e partidos que nos desprezam para exercerem o poder a qualquer custo. Abram os olhos, rio-pretenses! Esses que retiraram as máscaras não merecem mais nos representar.

Roberto Carlos Musegante Jr

Engenheiro agrônomo.