Sustentabilidade e urbanismo: o desafio do Interior
A demanda por imóveis sustentáveis cresce entre os jovens e famílias de alta renda

O debate sobre sustentabilidade no setor imobiliário brasileiro sempre esteve muito concentrado nas grandes capitais. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba costumam ser palco dos projetos certificados, das grandes discussões e dos estudos de caso. Mas a realidade está mudando – e rápido.
Nos últimos anos, cidades médias do interior paulista passaram a ocupar espaço de protagonismo. São municípios que somam infraestrutura de qualidade, universidades, polos de saúde e um mercado consumidor cada vez mais exigente. Nelas, a pressão por inovação urbanística e responsabilidade socioambiental deixou de ser uma tendência para se tornar um requisito.
A recente conquista do Selo Casa Azul da Caixa pelo Connect Impper, empreendimento em construção em São José do Rio Preto, é mais do que um reconhecimento: é a sinalização de que esse novo ciclo já começou. A certificação, concedida a projetos que atendem critérios de eficiência energética, uso racional da água, gestão de resíduos e conforto para os moradores, mostra que é possível alinhar desenvolvimento urbano a compromissos ambientais mesmo fora dos grandes centros.
Esse avanço, no entanto, não deve ser lido apenas como mérito de um projeto isolado. Ele simboliza uma transformação cultural. A demanda por imóveis sustentáveis cresce, sobretudo entre os jovens compradores e famílias de alta renda, que hoje já representam parcela significativa da intenção de compra no Brasil. Essa geração enxerga valor em atributos como integração com áreas verdes, qualidade construtiva e impacto social positivo.
Ao mesmo tempo, para as cidades do interior, cada novo empreendimento desse porte tem efeitos multiplicadores. Estimula a economia local, fortalece o setor da construção civil, gera empregos e, principalmente, reposiciona a imagem urbana. Quando o consumidor percebe que é possível viver com qualidade e consciência ambiental em cidades médias, o fluxo migratório que antes era centrado nas capitais passa a se reequilibrar.
A conquista de uma certificação sustentável deve, portanto, ser interpretada como ponto de partida, não como chegada. O desafio agora é transformar casos pontuais em padrão de mercado, garantindo que o futuro das cidades brasileiras – do interior às metrópoles – seja construído sobre bases mais responsáveis.
O interior paulista já mostrou que está pronto para esse salto. Cabe aos demais players do setor acompanhar o ritmo e compreender que sustentabilidade não é custo, nem tendência: é o único caminho viável para o desenvolvimento urbano do século XXI.
Bruno Malvezi
CEO do Grupo Impper.