Tensões crescentes

Vivemos momentos de grandes tensões entre nações, empresas e indivíduos, que culminam em conflitos diplomáticos, alterações climáticas, confrontos econômicos e embates políticos, num período marcado pelo aumento das incertezas e pelas instabilidades, onde as instituições nacionais estão sendo questionadas e as reformas propostas são sempre superficiais, neste cenário, podemos estar caminhando rapidamente para maiores desajustes e inseguranças na comunidade global, com aumento das desigualdades e das violências generalizadas.
Neste cenário de instabilidades crescentes na sociedade internacional, percebemos o incremento das tensões crescentes entre os países, recentemente Japão e China se estranharam verbalmente, com graves constrangimentos diplomáticos e possíveis impactos econômicos e políticos, levando o governo chinês a desaconselhar seus cidadãos a viajarem para o Japão, esse episódio pode escalar para problemas maiores e indesejáveis, podendo levar as nações a confrontos econômicos ou, no pior dos casos, conflitos militares.
Neste ambiente, os países europeus estão em alerta máximo contra as “ameaças” russas, levando as nações da região a aumentarem os dispêndios monetários para os setores de defesa e de tecnologias militares, aumentando as compras de caças, submarinos, radares, mísseis e drones, gerando uma fatura insustentável para financiar os gastos públicos que sempre caracterizam os países europeus e, posteriormente, podendo recriar movimentos sociais em defesa do Estado de Bem-Estar Social que vem perdendo espaço no orçamento para financiar os gastos bélicos. Os incrementos dos gastos militares estão levando as grandes empresas de defesa a vislumbrarem altos ganhos financeiros e retornos elevadíssimos, impulsionando os dividendos dos acionistas e contribuindo diretamente para aumentar a concentração de renda e espalharem a pobreza para muitos setores da sociedade europeia.
Internamente encontramos graves tensões em algumas regiões do mundo, como destacamos os confrontos em variados países europeus e os Estados Unidos da América contra os imigrantes, gerando uma verdadeira caça aos imigrantes, aumentando os medos, as incertezas, com humilhações variadas e graves constrangimentos econômicos para as empresas, que podem impactar sobre a redução de mão de obra disponível no mercado, elevando os custos de contratação de trabalhadores e pressionando os preços internos, gerando inflação e queda da renda agregada dos trabalhadores.
Neste ambiente, as tensões crescem de forma acelerada e imediata, antes da globalização os conflitos eram internos e localizados, a concorrência se dava internamente, entre empresas locais ou regionais, agora, no mundo globalizado a competição é global, os agentes produtivos são internacionais, dotados de grande envergadura financeira, grande poder político e grande capacidade gerencial, exigindo um grande profissionalismo, sólido conhecimento de mercado e estratégias dinâmicas e flexíveis.
Vivemos momentos de tensões crescentes em todas as regiões do mundo, o desenvolvimento tecnológico transformou a sociedade, alterou os comportamentos e valores humanos e modificou os consumidores, exigindo de todos os agentes econômicos e políticos maturidades, estratégias claras e consistentes e um forte planejamento gerencial.
Neste ambiente de tensões crescentes precisamos ter maturidade para compreendermos o ambiente de incertezas e de instabilidades que passa a sociedade internacional, deixando de lado discussões banais e infrutíferas que aprofundam o atraso e a subserviência, nos concentrando na reconstrução das instituições nacionais, investindo fortemente em capital humano, incrementando os dispêndios em ciência e tecnologia e aumentando a complexidade econômica, todas as nações que chegaram ao desenvolvimento econômico foram exitosas nestas trajetórias.
Ary Ramos da Silva Júnior
Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário