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Urbanismo e o Futuro das Cidades

Ugolino Ugolini elaborou o primeiro mapa de urbanização de Rio Preto, a pedido da Igreja

por Kedson Barbero
Publicado em 07/11/2025 às 19:25Atualizado em 08/11/2025 às 09:49
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No dia 8 de novembro, celebramos o Dia Mundial do Urbanismo, uma data dedicada à reflexão sobre o modo como planejamos e vivemos nossas cidades. Desde sua origem, o urbanismo propõe um debate lúcido sobre a criação de soluções que promovam uma integração saudável entre os elementos de uma comunidade. O tema envolve questões fundamentais como transporte, moradia, lazer e planejamento de áreas verdes — pilares essenciais para o desenvolvimento equilibrado das cidades.

O urbanismo é o estudo e a prática de planejar, projetar e gerenciar áreas urbanas. Seu objetivo é construir cidades mais eficientes, sustentáveis e acolhedoras, considerando aspectos como infraestrutura, mobilidade e qualidade de vida. Trata-se de uma disciplina multidisciplinar que analisa as complexas relações entre o espaço urbano e a sociedade, buscando harmonizar o crescimento das cidades com as necessidades humanas.

Com origem no final do século XIX, após a Revolução Industrial, o urbanismo surgiu como resposta aos desafios da urbanização acelerada. Seu papel é planejar e ordenar o espaço urbano, garantindo que ele favoreça a convivência, o acesso a serviços e a preservação ambiental.

Em São José do Rio Preto, a história do urbanismo remonta à década de 1890, quando Ugolino Ugolini elaborou o primeiro mapa de urbanização da cidade, a pedido da Igreja Católica. Seu trabalho não se limitou ao traçado urbano — incluiu o registro detalhado dos terrenos e a proposta de praças e áreas verdes entre os córregos Borá e Piedade, área correspondente ao Patrimônio de Nossa Senhora do Carmo. Embora parte de seu plano não tenha sido concretizada, ele lançou as bases do ordenamento urbano rio-pretense.

Atualmente, o Plano Diretor é o principal instrumento de planejamento urbano do município. Ele define diretrizes para o desenvolvimento sustentável e equilibrado da cidade, orientando o uso do solo e assegurando que a propriedade cumpra sua função social — ou seja, que atenda ao interesse coletivo e não apenas ao privado. Obrigatório em cidades com mais de 20 mil habitantes, o Plano Diretor é essencial para evitar o crescimento desordenado e preservar recursos naturais como áreas verdes, rios e córregos.

A participação da população nesse processo é vital. O envolvimento dos cidadãos transforma o planejamento urbano em um exercício democrático, permitindo que o desenvolvimento da cidade reflita suas reais necessidades. Assim, o urbanismo se afirma não apenas como ciência e técnica, mas como um compromisso coletivo com o bem-estar, a sustentabilidade e o futuro das nossas cidades.

Kedson Barbero

Arquiteto e Urbanista, presidente do IHGG, representante das entidades CAU/SP, Sindicato dos Arquitetos e Sociedade dos Engenheiros de Rio Preto.