Violência contra a mulher: agir é proteger
Familiares, vizinhos e colegas precisam reconhecer sinais de abuso e não se omitir

A violência contra a mulher é um grave problema social que atravessa classes, idades e territórios. Mais que estatísticas, representa vidas interrompidas, famílias desestruturadas e comunidades impactadas pela dor. No Brasil, estimativas nacionais indicam mais de 800 mil estupros por ano e uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas. Esses números, além de alarmantes, evidenciam a urgência de ações permanentes de prevenção, acolhimento e enfrentamento.
O Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, é um marco importante nessa luta. O movimento amplia diálogos, incentiva reflexões e divulga canais de denúncia como o Ligue 180 e o aplicativo Direitos Humanos Brasil. Mais do que dar visibilidade, oferece informações claras para que vítimas e sociedade saibam identificar sinais, agir e buscar ajuda.
A violência de gênero não se restringe ao ambiente doméstico. Ela pode ocorrer no trabalho, nas ruas e até nos serviços de saúde, afetando profissionais como médicas, enfermeiras e demais colaboradoras. Por isso, é essencial que a conscientização alcance diferentes setores, estimulando empresas, instituições e organizações comunitárias a promover campanhas, capacitações e ações educativas contínuas, que estimulem o respeito e combatam qualquer forma de abuso.
O fortalecimento de redes de apoio é outro ponto fundamental. Delegacias especializadas, serviços sociais, Ministério Público, ONGs e coletivos devem atuar de forma integrada, garantindo segurança, acolhimento humanizado e agilidade no atendimento. Mas o enfrentamento também exige mudanças culturais profundas, que eliminem preconceitos e estereótipos de gênero ainda presentes no cotidiano.
Toda a sociedade deve se envolver. Familiares, vizinhos e colegas precisam reconhecer sinais de abuso e não se omitir. O silêncio, muitas vezes, se transforma em cumplicidade involuntária. Ao mesmo tempo, é preciso estimular a empatia e a escuta ativa, para que a vítima se sinta segura em buscar ajuda.
Campanhas multicanais, eventos públicos e serviços gratuitos de apoio ampliam o alcance das mensagens de prevenção e fortalecem a capacidade de reação das vítimas e de quem pode ajudá-las. Ao ocupar espaços físicos e digitais com informação qualificada, aumentamos a consciência coletiva e a possibilidade real de transformação.
Cuidar também é proteger. E proteger significa agir — denunciando, apoiando, educando e mobilizando. Somente assim será possível garantir que mulheres vivam com segurança, dignidade e liberdade.
Marcelo Lucio de Lima
Presidente do Conselho de Administração da Unimed Rio Preto.