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Violência contra a mulher: desafio além do Judiciário

A violência em casa é mais cruel porque atinge o espaço onde deveríamos encontrar segurança

por João Santa Terra Júnior
Publicado há 20 horasAtualizado há 7 horas
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Não, a violência doméstica não é normal. Não, a mulher não é objeto. E sim, o agressor será responsabilizado. Essas são mensagens que precisam ecoar permanentemente e que serão reforçadas no próximo sábado, 30 de agosto, no evento “Mulheres na Praça”, promovido no Shopping Cidade Norte pelo Projeto Aurora, com apoio da Prefeitura de Rio Preto.

Ano após ano, repetimos que a violência doméstica atingiu índices alarmantes. Ainda assim, eles continuam a crescer. Nos plantões judiciais, é comum constatar que grande parte das prisões em flagrante decorre dessa prática hedionda. As histórias das vítimas se repetem: “ele bebeu e me bateu”; “ele ficou com ciúmes do celular e me ameaçou”; “ele não me deixa usar a roupa que quero”. Mas os rostos são diferentes, os olhos que choram são únicos, e cada vida carrega marcas profundas deixadas por quem deveria proteger, amar e cuidar.

A violência dentro de casa é ainda mais cruel porque atinge o espaço onde deveríamos encontrar afeto e segurança. Quando o lar se torna palco de ofensas à honra, à liberdade, à integridade física, à dignidade sexual e à saúde psicológica, instala-se um sentimento devastador de vulnerabilidade — e um fracasso que jamais pode ser atribuído à vítima, mas sim ao agressor.

O Agosto Lilás é dedicado a campanhas de orientação, informação e conscientização. Neste ano, em Rio Preto, será coroado com o “Mulheres na Praça”, o maior evento filantrópico da cidade voltado ao acolhimento feminino. Ali, serão oferecidos serviços, oportunidades, informações e, acima de tudo, respeito e carinho.

Que este movimento não se limite ao mês de agosto. Que em todos os dias do ano as mulheres tenham a certeza de que o Ministério Público está de portas e braços abertos para ouvi-las e protegê-las, que a população compreenda a importância de denunciar cada caso de violência conhecido e que os agressores saibam que o Estado está vigilante e não hesitará em responsabilizá-los criminalmente.

A sociedade da cidade em que nasci e tanto amo tem agora a oportunidade de se unir em uma causa que é de todos. Que compareça no dia 30 de agosto, participe, se envolva e abrace a luta contra a violência doméstica, pela preservação da dignidade e da vida dentro dos lares.

João Santa Terra Júnior

Promotor de Justiça e Professor Acadêmico