Gafes

Não saberia dizer se os políticos brasileiros são os campeões de gafes. Com certeza estamos entre os primeiros. Não vou recuar ao Adhemar ou Maluf ("estupra, mas não mata") e outros antigos. Nem aqueles que pouco estão preocupados em cometê-las, certos da submissão fanática dos seus "devotos", berrando "mito".
Lula não foge ao padrão, embora no caso dele as incorre por não perceber as armadilhas de temas sensíveis. Comparou o caso de Gaza com o genocídio de judeus, durante a II Guerra, tema obviamente ultrassensível. Boquirroto, atrai situações bizarras sem perceber.
Durante o discurso que fez no Uruguai, ao lado do então presidente de Lacalle, anotei, entre outras "pérolas", que falou três vezes, em momentos diferentes no seu discurso de improviso, sobre a final da Copa do Mundo de 50 e "protestou" porque El Matador, Suárez, não foi para o Corinthians... Lacalle, fluente em português, sorria amarelo, suponho rezando intimamente que o Lula não demorasse muito (mais) tempo com aquele discurso dispensável.
Nem me refiro ao médico radical direitista, já conhecido por suas intemperanças verbais e condutas sem freios, conforme a transcrição no D.R. Neste momento, a esquerda se esforça para ganhar o concurso de gafes. Refiro-me a outro médico e político. Experiente e inteligente, praticou com todas as pompas um comentário infeliz, para ser bem-educado.
O escritor Eduardo Bueno ficou conhecido por seus livros acessíveis da história brasileira e, para mim, pelo qual sou grato, a tradução de On The Road, (Pé na Estrada) de Jack Kerouac, mentor da chamada Geração Beat. Se não lhe falta inteligência, faltou bom senso. Fez outro comentário sobre o assassinato do radical trumpista. Desastroso, no mínimo.
É possível que todo isso seja resultado de um cenário de intransigências, guerra de rivais. O que impõe a necessidade, cada vez mais urgente, de que as forças moderadas consigam desarmar os espíritos belicosos. A sociedade brasileira, como começam a demonstrar as pesquisas, está cansada dessas "guerrilhas", provocadas por grupelhos radicais só preocupados com os seus quintais ideológicos. Na verdade nada patrióticas, mas apenas interesseiras, desfilando o lema "eu acima de tudo".
Luiz Melo, Rio Preto