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Projeto de Tarcísio põe em confronto Beth Sahão e Danilo Campetti, deputados da região

Além dos dois deputados da região, que estão em lados opostos na Alesp, entrevero envolveu ainda Lucas Bove, também governista

por Maria Elena Covre
Publicado em 16/10/2025 às 00:21Atualizado há 19 horas
Beth Sahão discute com deputados aliados de Tarcísio: Lucas Bove e Danilo Campetti (Rodrigo Romeo/Alesp)
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Beth Sahão discute com deputados aliados de Tarcísio: Lucas Bove e Danilo Campetti (Rodrigo Romeo/Alesp)
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O Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) virou um ringue político-ideológico envolvendo deputados governistas e parlamentares da oposição. Entre três dos principais protagonistas da confusão estavam dois representantes da região: a petista Beth Sahão, de Catanduva, e o republicano Danilo Campetti, de Rio Preto.

O terceiro personagem de destaque no embate foi o deputado paulistano Lucas Bove (PL), que ganhou notoriedade nacional devido a um conturbado processo de separação da influenciadora digital Cintia Chagas, com mais de 7 milhões de seguidores no Instagram, que o acusa na Justiça de violência doméstica e emocional.

O bate boca com direito a gritos, ironias, dedo em riste e outras coreografias nada cordiais dos dois lados se deu durante a votação, e aprovação, do Projeto de Lei Complementar 9/2025, do governo estadual, que altera a carreira dos pesquisadores científicos ligados a secretarias estaduais.

Representantes da categoria e deputados que integram a Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e Institutos de Pesquisa, coordenada por Beth Sahão, eram contrários à proposta, sob o argumento de que as mudanças previstas – reestruturação da carreira em seis níveis com três categorias, carga horária de 40 horas semanais e regime de subsídio como forma de remuneração – precarizam a carreira e dificultam a retenção de talentos nas instituições públicas de pesquisa.

Durante a sessão, Bove e Campetti, que integram a tropa fidelíssima ao governador Tarcísio de Freitas, se mostraram mais aguerridos na defesa da proposta. Bove fez a temperatura subir, com reação dos opositores, ao dizer que instituições científicas promovem a “ideologização da ciência”.

Do outro lado, Beth Sahão disparou que o governador está mais preocupado em gastar dinheiro público indo o tempo todo para Brasília dar apoio a um condenado (referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL), do que com os efeitos do projeto que enviou à Alesp na vida de cerca de 740 pesquisadores impactados diretamente e no trabalho que eles realizam.

A confusão entre o trio, que no Plenário se deu praticamente na base do corpo-a-corpo, começou mais cedo, também na terça-feira, em audiência convocada pela Comissão de Saúde da Alesp para debater a autarquização da área da saúde da Unicamp.

Em outro momento de tensão, Bove atacou a instituição por romper parceria com uma universidade de Israel em retaliação pelos ataques na Faixa de Gaza. Segundo ele, a Unicamp agiu por partidarismo e ideologização.

NOTAS 

MANTERRUPTING

Beth Sahão e outras deputadas alinhadas à petista acusam os deputados “tarcisistas” de “violência política de gênero ao interromper de forma constante e agressiva deputadas contrárias ao projeto”. “Prática conhecida como ‘manterrupting’, em que homens interrompem mulheres para deslegitimar ou silenciar seus argumentos”, diz Beth Sahão.

REGIMENTO

O deputado estadual Danilo Campetti minimizou a confusão e negou qualquer tipo de violência. “Ela (Beth Sahão) começou a falar sem solicitar a palavra para o presidente da Casa após o comando de encerramento da votação. Teria que pedir a palavra antes de começar a falar, conforme determina o regimento. Os deputados protestaram. E eu fui um deles”, afirmou.

NA JUSTIÇA

Diante da aprovação do PLC, a presidenta da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Helena Dutra Lutgens, anunciou que a entidade pretende judicializar a questão, buscando anular a lei por vias legais.

1% DA CULTURA 1

A bandeira da destinação de 1% do orçamento municipal para a Cultura voltou a mobilizar artistas, gestores culturais e vereadores na Câmara de Rio Preto nesta quarta-feira, 15. O tema foi tratado em audiência pública convocada pela Comissão Permanente de Cultura da Casa, que é presidida pelo pessebista Abner Toffaneli. Também esteve presente o secretário municipal da Cultura, Robson Vicente.

1% DA CULTURA 2

Presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais e um dos líderes do movimento em favor do 1% para a Cultura, Lawrence Garcia comemorou a presença de seis vereadores, considerada um avanço. Além de Abner, estavam lá João Paulo Rillo (Psol), Alex Carvalho (PSB), Pedro Roberto (Republicanos), Alexandre Montenegro (PL) e Jorge Menezes (PSD). Ele se diz particularmente animado com o compromisso assumindo por Alex, que preside a Comissão de Planejamento, de aumentar em pelo menos R$ 4 milhões o orçamento da pasta no ano que vem.

MALABARISMO

No projeto de Lei Orçamentária de 2026, o governo municipal prevê R$ 7 milhões da fonte 1, que é a arrecadação do município. “Eles inventaram R$ 8 milhões de folha de pagamento e R$ 3 milhões de repasse do governo federal. E estão somando tudo e dizendo que dá 1% para a Cultura, sendo que a luta histórica de que esse percentual seja referente à fonte 1. Puro malabarismo, na prática, subiram R$ 200 mil para o setor”.

PREVIDÊNCIA 1

Uma reunião no gabinete do secretário de Governo, Anderson Branco, contou nesta quarta-feira, 15, com 10 vereadores da base governista. Com a presença do presidente da Riopretoprev, Miguel Elias Taffara, o encontro teve por objetivo, segundo a Coluna apurou, detalhar aos “aliados” na Câmara a proposta de reforma da previdência municipal que o Executivo pretende enviar para a Câmara ainda nesta semana, e com pedido de urgência.

PREVIDÊNCIA 2

O tema é controverso porque altera, entre outras regras, a de idade mínima para aposentadoria, refletindo diretamente, por exemplo, na carreira das professoras. A Atem já avisou que vai ter gritaria.

SEM QUÓRUM

Já o número de vereadores presentes na reunião chamada por Branco foi considerado, nos bastidores da Câmara, aquém do esperado pelo secretário. Muitos dos veteranos, dentre os quais Paulo Pauléra (PP), ignoraram o encontro. Claro que a ausência do Coronel Fábio diminuiu o apelo do “convite”, não?

TOP 100

Dos nove deputados estaduais e federais com base na região de Rio Preto, apenas o federal Paulo Bilynskyj (PL) integra o Top 100, na 52ª posição, do ranking dos políticos brasileiros mais influentes no Instagram, uma lista que conta com figurões como o também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) no topo da lista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual presidente Lula (PT), a deputada federal Érika Hilton (Psol), dentre outros.

DIREITA

O levantamento é da Zeeng, em parceria com MonitoraBR, que analisou 442 mil posts de 2,6 mil políticos no Instagram, gerando 1,81 bilhão de interações no primeiro semestre. A metodologia para fazer o ranking priorizou engajamento orgânico (curtidas, comentários, visualizações e compartilhamentos) sobre meros seguidores, cobrindo períodos semestrais ou anuais. O estudo revelou o domínio da direita (56%), concentração em São Paulo (32%) e o PL com 42% dos nomes na lista dos Top 100.