A força do jornalismo
Sem jornalismo comprometido com a verdade, o que resta é silêncio - um silêncio conveniente para quem está no poder, mas sufocante para quem vive sob suas decisões

O exercício do jornalismo diário não é uma prática que se encerra em si mesmo: ele só tem sentido se servir ao interesse público e se mostrar relevante à população. Por isso, neste 28 de setembro, quando se comemora o Dia Mundial do Jornalismo, é essencial destacar como essa atividade impacta diretamente a vida do cidadão e pode moldar o futuro.
Dois episódios recentes são emblemáticos por revelar como um jornalismo isento, profissional e independente pode transformar a realidade. Em Rio Preto, a cobertura incisiva do Diário da Região escancarou o impacto do aumento do IPTU e mostrou à população o real tamanho da bomba que tramitava na Câmara. A revelação levou ao conhecimento público e à consequente pressão da sociedade contra a proposta, obrigando a Prefeitura a reformulá-la totalmente.
Ainda que uma segunda versão tenha sido aprovada na última quinta-feira, 25, com a conivência de 14 vereadores, a pressão popular deu voz a moradores indignados e transformou um projeto de gabinete em pauta da cidade inteira. Derrotados, no balanço final, não foram os moradores, mas os parlamentares que, de costas para o interesse público, preferiram servir ao poder em vez de representar o povo.
No plano nacional, o episódio da chamada PEC da Blindagem é outro exemplo. O texto havia sido aprovado na Câmara e pretendia travestir impunidade de prerrogativa parlamentar. Mas a reação popular, alimentada por matérias que desnudaram os riscos da proposta, levou o Senado a enterrá-la de forma unânime.
As ruas gritaram, a imprensa amplificou e o resultado foi um recado inequívoco: a cidadania não será calada diante de manobras que buscam blindar políticos das consequências de seus atos.
Esses dois episódios, um local e outro nacional, expõem a essência do jornalismo: provocar incômodo, gerar debate e garantir que a população não seja refém de decisões tomadas nas sombras. Sem jornalismo ético e comprometido com a verdade, o que resta é silêncio - um silêncio conveniente para quem está no poder, mas sufocante para quem vive sob suas decisões.
Cada vez que um jornal é atacado, cada vez que uma redação é sufocada financeiramente, cada vez que a desinformação tenta se sobrepor aos fatos, quem perde não é apenas a imprensa - é a sociedade inteira. A névoa de mentiras pode até tentar obscurecer a realidade, mas cabe ao jornalismo iluminar os caminhos.
O Dia Mundial do Jornalismo não é apenas uma data simbólica. É um lembrete de que, sem informação, a democracia murcha. Sem jornalistas fazendo perguntas incômodas, o abuso prospera. E sem imprensa livre, a população perde sua ferramenta mais poderosa de defesa: a verdade.