Improvisado e espalhafatoso
Conflitos em série no serviço público geram insegurança para servidores e cidadãos e expõem falta de planejamento de um governo que ainda engatinha

Quando uma funcionária do centro esportivo Júpiter Olímpico foi agredida na última semana por um frequentador descontrolado, a Prefeitura de Rio Preto decidiu que era o caso de fechar tudo e só reabrir nesta terça-feira, embora pudesse ter tomado providências imediatas para reforçar o até então pífio esquema de segurança no local. Quando retomou as atividades, anunciando as mais primárias medidas, como a presença da Guarda Municipal, o governo fez um estardalhaço típico de quem se vangloria só por ter cumprido mera obrigação, ainda que tardia.
Nesse meio tempo, outros casos se sucederam, envolvendo vandalismo de passageiros contra um ônibus no Terminal Urbano e, o mais grave, a violenta desinteligência entre seguranças e pacientes na UPA Norte na madrugada de domingo. Nesse episódio, um cidadão que resolveu reclamar da baderna naquele ambiente levou um mata-leão e sangrou na cabeça à base de pancadas de cassetete.
Violência em unidades de saúde, a propósito, lamentavelmente nem são mais novidade, gerando insegurança para todos: cidadãos que aguardam horas por atendimento e saem de lá agredidos, funcionários estressados em meio à precariedade no trabalho e médicos que já não sabem se pela porta do consultório vai entrar um paciente ou mais um agressor.
A situação na saúde só não ficou pior por pura sorte da população: ao menos a gestão municipal não seguiu a sua lógica torta de fechar a UPA até que surgisse uma ideia brilhante de como aprimorar a segurança, como fez no Júpiter Olímpico, e como não faz em relação à persistente desorganização administrativa do Terminal Urbano.
Conflitos em série no serviço público geram insegurança tanto para servidores quanto para os cidadãos e expõem falta de planejamento de um governo presunçoso, que ainda engatinha e não tem consciência dos desafios a ser vencidos para que sua estatura esteja à altura do que representa um município do porte de Rio Preto.
O governo faria um bem enorme à sociedade se trocasse o improviso pela estratégia do gerenciamento a montante. Figurino útil a qualquer gestor público, especialmente a quem saiu vitorioso nas urnas com o discurso de priorizar a segurança pública.