Diário da Região
MANIFESTAÇÕES DA ESQUERDA 

PEC da Blindagem cai, mas redução de penas segue em discussão no Congresso

Pressão das ruas deve impedir que PEC avance no Congresso, mas redução de penas para os condenados pelos atos de 8 de janeiro segue em pauta

por Agência Estado
Publicado em 23/09/2025 às 03:14Atualizado em 23/09/2025 às 11:38
Manifestantes lotam a Câmara de Rio Preto contra Anistia e Blindagem (Thomas Vita Neto 21/9/2025)
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Manifestantes lotam a Câmara de Rio Preto contra Anistia e Blindagem (Thomas Vita Neto 21/9/2025)
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As manifestações que ocorreram em capitais do Brasil no final de semana foram a “pá de cal” à proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, mas não foram expressivas o suficiente para afastar a tramitação de uma revisão do projeto de anistia, prevendo apenas redução de penas aos envolvidos no 8 de Janeiro, dizem líderes partidários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ouvidos pelo Estadão.

Essas lideranças concordam que o movimento foi maior que o esperado e que a pressão popular, nas ruas e nas redes, é avassaladora o suficiente para impedir que a PEC avance no Congresso Nacional. A pressão em ambiente digital, especialmente, é o que assustou alguns dos líderes.

A repercussão sobre a PEC que protege parlamentares da abertura de processos criminais foi negativa a ponto de as lideranças partidárias não falarem abertamente sobre a votação e as consequências. O texto, aprovado na semana passada pela Câmara, tem previsão de ser apreciado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta-feira, 24.

Sob condição de reserva, alguns deputados mencionaram, por exemplo, o erro de alguns parlamentares ao pedirem desculpas pelo voto favorável à PEC. Um discurso comum é que, em momentos como esse, o melhor é “o silêncio, o tempo e a distância”. Qualquer que seja o motivo, apontam esses parlamentares, não há como fazer qualquer comentário sobre a proposta sem “tomar porrada”.

Na manhã desta segunda-feira, 22, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) propôs uma alternativa à PEC da Blindagem em que parlamentares pudessem barrar a abertura de processos por crimes de opinião. Não foi o suficiente – há mais comentários contra a ideia na publicação dele feita no X do que curtidas, o que é incomum de ocorrer.

Na ala do Centrão que se opõe ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há parlamentares que reconhecem que o erro da PEC foi a falta de planejamento.

Segundo o Monitor do Debate Público da USP, 42,4 mil pessoas compareceram à Avenida Paulista neste domingo. No ato bolsonarista pró-anistia, em 7 de Setembro, foram 42,2 mil.

Deputados e senadores acreditam que, por enquanto, o que resta é a derrota para a PEC em votação da CCJ do Senado. Mesmo com o número expressivo de pessoas nas ruas, deputados e senadores acreditam que há espaço para a tramitação do projeto de lei da anistia. Agora o perdão “amplo, geral e irrestrito” por si, segundo eles, “já foi para o espaço”.

Na leitura dos líderes, a redução de penas impostas aos acusados de terem participado dos atos golpistas do 8 de Janeiro é tema consensual entre os parlamentares e não teria uma repercussão negativa entre a população.

Rio Preto

Em Rio Preto, manifestantes lotaram a sala de sessões da Câmara em sintonia com os atos pelo fim da PEC da Blindagem e da não aprovação do PL da Anistia. Após discursos do vereador João Paulo Rillo (Psol) e de representantes do PCdoB, PT e do movimento da juventude, os manifestantes saíram em caminhada até o Mercadão.