Diário da Região

Diário integra campanha do Dia Mundial do Jornalismo

A partir desta quinta, 25, e até domingo, 28, o Diário publica textos referentes ao Dia Mundial do Jornalismo, como parte de mobilização global com a participação veículos e entidades de 100 países

por Redação
Publicado em 24/09/2025 às 22:59Atualizado em 25/09/2025 às 03:21
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O Diário integra a campanha deste ano do Dia Mundial do Jornalismo. Conforme divulgado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), trata-se de uma mobilização global com a participação de veículos, entidades e jornalistas de mais de 100 países. O objetivo é destacar o papel vital da atividade jornalística baseada em fatos para o fortalecimento da democracia, o bem-estar dos cidadãos e o desenvolvimento sustentável.

O Dia Mundial do Jornalismo é celebrado em 28 de setembro, em alinhamento com o Dia Universal das Nações Unidas para o Acesso à Informação. A campanha destaca que “em meio a ataques à imprensa e aos processos democráticos, desinformação em massa, avanço das ideias e práticas autocráticas e incertezas com a Inteligência Artificial (IA), a atividade jornalística confiável, livre, independente e plural nunca foi tão importante".

O Diário irá publicar nos próximos dias três artigos, sendo o primeiro de Branko Brkic, líder do Project Kontinuum e cofundador do Daily Maverick, em que o autor fala da importância das notícias confiáveis (leia ao lado).

“A maior expressão da liberdade é a liberdade de expressão, e a maior liberdade de expressão é a liberdade de imprensa, pilar da democracia”, afirma o diretor do Grupo Diário da Região, Fabiano Buzzini, sobre a campanha.

“O Dia Mundial do Jornalismo reafirma o compromisso com a verdade, a ética e o interesse público. Em um jornal sério e independente, como é o Diário, informar com responsabilidade é defender a democracia todos os dias”, disse o editor-chefe do Diário, Fabrício Carareto.

A luz que nos guia

Nosso mundo se apoia cada vez mais na informação e a imprensa é a base desse sistema

Branko Brkic (Divulgação)
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Branko Brkic (Divulgação)

No contexto do Dia Mundial do Jornalismo, muitas pessoas olham para o futuro com preocupação e incerteza. Vivemos em um tempo de mudanças constantes, de instabilidade global e de insegurança que desafia a todos. Nosso mundo se apoia cada vez mais na informação — às vezes quase exclusivamente — e a imprensa é a base desse sistema.

Assim como água e energia, só percebemos seu valor quando não está disponível. O mesmo acontece com as notícias confiáveis: quando estão ausentes, entendemos como nossa rotina depende de um fluxo contínuo de informação segura.

A inteligência artificial terá papel importante no nosso futuro, mas não resolverá todos os desafios.

Nenhum algoritmo substitui o repórter dedicado ou o jornalista investigativo atento.

É o ser humano que faz a diferença — porque só ele traz empatia, discernimento e determinação na busca pela verdade.

Enquanto instituições tradicionais se enfraquecem e muitas desaparecem sem deixar substitutas, a missão do jornalismo se torna cada vez mais exigente.

Nesse cenário, o trabalho diário da imprensa — e até a sua própria existência — ganha uma relevância ainda maior.

Continuamos sendo os principais mensageiros da verdade.

Se quisermos seguir honrando essa promessa, precisamos olhar adiante com seriedade.

É urgente renovar o compromisso da imprensa com as comunidades que atende, reforçar o pacto direto com cada leitor, ouvinte e espectador, e permanecer firmes mesmo quando tudo parece instável ao redor.

Nosso papel é ser guardiões da linha que separa o presente de um futuro distópico que se aproxima rápido demais.

Hoje, o jornalismo vive entre dois tempos: ainda é parte da história, mas também é motor da transformação que está remodelando a humanidade. É força de mudança, mas corre o risco de ser tratado como peça do passado.

O que já foi um setor financeiramente confortável agora enfrenta uma realidade diferente. O modelo antigo envelheceu. E o novo ainda não surgiu. Cada redação que fecha representa uma comunidade sem seus olhos e ouvidos. Quando isso acontece, a vida pública perde clareza. E a verdade encontra menos defensores.

Mesmo assim, jornalistas seguem com seu trabalho. A pressão é grande, mas a essência da profissão resiste. A crise financeira pressiona praticamente todas as redações, poupando apenas as mais sólidas.

E, ainda que muitos tentem diminuir o papel da imprensa, autocratas, grandes empresas de tecnologia, influenciadores e corporações continuam consumindo jornalismo. O público pode não notar, mas em quase toda discussão, debate ou decisão de impacto, a informação jornalística está presente.

Por décadas, a imprensa defendeu valores democráticos e ajudou a sustentar o sistema que garantiu avanços e prosperidade à civilização moderna, ainda que de forma desigual.

Estivemos em cada momento decisivo: denunciando abusos de direitos humanos, registrando os horrores da guerra, revelando injustiças e trazendo à luz casos de corrupção.

É improvável que voltemos àquele cenário. A tecnologia avança e redefine a vida coletiva.

Mas, qualquer que seja o formato da sociedade do futuro, ele só terá solidez se estiver apoiado em informação confiável — esse é o único terreno seguro para construir o que permanece.

A humanidade avançou porque soube transmitir conhecimento entre gerações. Informação é talvez a maior invenção que já criamos.

Mas nada pode ser construído às cegas, sem clareza e sem orientação.

Não são apenas democracias que se fragilizam sem jornalismo: civilizações inteiras já se perderam desse modo. É por isso que, neste Dia Mundial do Jornalismo, a mensagem vai além de defender empregos. Trata-se de proteger aquilo que todos nós, juntos, construímos ao longo de milênios.

Nossa civilização merece esse cuidado.

A maior parte dos jornalistas assume, em silêncio, um compromisso profundo: servir às comunidades servindo à verdade. Esse pacto dá propósito à profissão e compensa, em sentido e valor, o que falta em recursos materiais.

Por isso, confiança e verdade são indispensáveis.

Respeitar a si mesmo também significa escolher bem em quem acreditar. Apoie o jornalismo que apoia você. Assine, compartilhe, valorize a informação de qualidade. Porque é ela que mantém acesa a luz que nos guia.

Este texto integra a campanha do Dia Mundial do Jornalismo, criada para destacar a importância do jornalismo na vida em sociedade.

Branko Brkic

Líder do Project Kontinuum e cofundador do Daily Maverick