Diário da Região
PRISÃO DOMICILIAR

Moraes manda polícia monitorar Jair Bolsonaro 24 horas por dia

Polícia Federal informou ao STF que considera necessário colocar uma equipe de agentes dentro da casa do ex-presidente por risco de "intenção de fuga"

por Agência Estado
Publicado há 19 horasAtualizado há 6 horas
O ex-presidente Jair Bolsonaro (Gustavo Moreno/STF)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (Gustavo Moreno/STF)
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça, 26, o monitoramento de Jair Bolsonaro (PL) em tempo integral pela Polícia Penal do Distrito Federal. O ex-presidente está em prisão domiciliar, em Brasília. Segundo a decisão, equipes policiais devem ficar de prontidão no endereço. A Procuradoria-Geral da República (PGR) foi a favor do reforço no policiamento e, em parecer ao STF, o chefe do Ministério Público Federal, Paulo Gonet, defendeu a vigilância "em tempo real" das medidas cautelares impostas a Bolsonaro.

Ainda ontem, a Polícia Federal informou ao STF que considera necessário colocar uma equipe de agentes dentro da casa do ex-presidente. "Havendo, em tese, intenção de fuga, necessário o acompanhamento in loco e em tempo integral das atividades do custodiado e do fluxo de veículos na residência e de vizinhos próximos, únicas medidas hábeis a minimizar, de forma razoavelmente satisfatória, tais riscos", diz ofício enviado à Corte.

Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, não é possível deixar policiais de prontidão no condomínio sem atrapalhar os demais moradores. Para ele, a melhor alternativa para vigiar o ex-presidente é designar uma equipe de policiais para permanecer dia e noite na casa de Bolsonaro. A palavra final cabe a Moraes. "Seria imperiosa a determinação para uma equipe de policiais permanecer 24h no interior da residência, como há precedentes", sugere Andrei.

Asilo

Moraes justificou a necessidade de monitoramento pela proximidade do julgamento da trama golpista. Bolsonaro e outros sete réus do "núcleo crucial" do plano de golpe vão começar a ser julgados na próxima terça-feira pela Primeira Turma do STF. A decisão menciona ainda a minuta de pedido de asilo político encontrada no celular de Bolsonaro. No documento, endereçado ao presidente da Argentina, Javier Milei, Bolsonaro afirma que é "perseguido". A defesa nega que o ex-presidente tenha cogitado deixar o Brasil.

Na semana passada, a PF indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso de processo e abolição do estado democrático de direito ao tentar interferir no julgamento da ação penal do golpe. O inquérito ensejou a imposição de medidas cautelares ao ex-presidente.

Além da minuta do pedido de asilo, a investigação da PF falou em novos descumprimentos de cautelares. A PGR tem até hoje para se manifestar sobre a manutenção da domiciliar ou se recomendará a prisão preventiva de Bolsonaro.

‘Risco renovado’

Moraes afirma na decisão de ontem que, "considerados os elementos de prova colhidos pela PF", assim como o "renovado risco de fuga", "revelam-se absolutamente necessárias e adequadas as medidas de monitoramento pleiteadas".

Na manifestação ao Supremo, a PGR pediu que o monitoramento fosse adotado com "o cuidado de que não sejam intrusivas da esfera domiciliar do réu, nem que sejam perturbadores das suas relações de vizinhança". O parecer de Gonet cita um ofício encaminhado pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) em que o petista fala em "risco concreto" de fuga do ex-presidente.

Ontem, o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, disse que o momento é de tensão. "Vivemos este momento tenso, inevitável, do julgamento do 8 de Janeiro e dos julgamentos do que teria sido uma tentativa de golpe de Estado. É evidente que esses episódios trazem algum grau de tensão para o País", declarou.

Isolado

A uma semana do início de seu julgamento, Bolsonaro está isolado de seus principais aliados. O "novo entorno" do ex-presidente está no centro das insatisfações dos amigos que foram alijados de seu convívio. Em maio, um de seus mais fiéis escudeiros, o advogado Fabio Wajngarten, foi demitido do PL após se indispor com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Na semana passada, o pastor Silas Malafaia, um dos conselheiros de acesso mais íntimo ao ex-presidente, foi impedido de se comunicar com Bolsonaro por ordem de Moraes.

O afastamento de Wajngarten é considerado crítico por pessoas próximas do ex-presidente. Interlocutores desse grupo reclamam que pessoas hoje com acesso a Bolsonaro pouco fazem para defendê-lo. As críticas recaem sobre Michelle.

Bolsonaro tem passado os dias no condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, com Michelle e pessoas de sua confiança, como o irmão Eduardo Torres. Ontem, seu outro irmão, Diego Torres, assessor no gabinete de Tarcísio de Freitas (Republicanos), aproveitou a vinda do governador de São Paulo à capital federal e foi vê-lo.

Segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu pai deve acompanhar o julgamento de casa. "Eu não soube de nada disso que está saindo na imprensa (de que Bolsonaro deve comparecer ao STF)."