Diário da Região
GUERRA COM O GOVERNO

PL de Rio Preto suspende Montenegro por um ano

Vereador, que entrou em rota de colisão com o governo do Coronel Fábio Candido, criticou a penalidade: "Considerando a perseguição interna, vamos ingressar com o pedido de saída da sigla por justa causa"

por Vinícius Marques
Publicado em 26/08/2025 às 16:32Atualizado há 20 horas
Alexandre Montenegro na sessão desta terça, 26 (Divulgação/Câmara Rio Preto)
Alexandre Montenegro na sessão desta terça, 26 (Divulgação/Câmara Rio Preto)
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O vereador Alexandre Montenegro (PL), ex-líder do prefeito de Rio Preto, Coronel Fábio Candido (PL), na Câmara, foi penalizado com suspensão de 12 meses das atividades do partido. O comunicado foi encaminhado ao parlamentar nesta terça-feira, 26, mesmo dia em que o Conselho de Ética da Câmara arquivou uma representação contra ele. Ele permanece com mandato, mas fica suspenso da legenda.

O vereador comentou o caso na Tribuna da Câmara antes da sessão.

A notificação da penalidade é assinada pelo presidente do PL de Rio Preto, o deputado federal Luiz Carlos Motta. Assinam ainda a notificação Mauro Alves dos Santos Júnior, primeiro vice-presidente, que é secretário de Planejamento da Prefeitura; o secretário da legenda Ruy Marcondes Carvalho Neto; Rodrigo Carmona, tesoureiro e também chefe de gabinete do Prefeito; Fábio Marcondes, vice-prefeito de Rio Preto e também secretário de Obras; e o líder da bancada do PL na Câmara, Felipe Alcalá.

A reportagem solicitou posicionamento de Motta sobre a penalidade e o deputado disse, em nota, que a "medida tem caráter pedagógica e disciplinar".

“A Comissão Provisória Municipal do Partido Liberal (PL) de São José do Rio Preto/SP, após extenso processo ético no qual foram plenamente assegurados o contraditório e a ampla defesa, decidiu, por unanimidade de todos os seus membros, que o vereador Alexandre Montenegro incorreu em graves infrações éticas ao votar contrariamente à orientação partidária em Projeto do Executivo; e deixar de manter o respeito e a urbanidade, dirigindo-se de maneira desairosa a outros filiados detentores de mandatos eletivos. Diante dessa conduta, o vereador foi penalizado com suspensão de 12 (doze) meses. Nesse período, ficará interditado do exercício político-partidário representativo do PL, não podendo, portanto, representar o Partido em quaisquer comissões”, afirma a nota.

Colisão

Montenegro entrou em rota de colisão com o governo do Coronel Fábio Candido após criticar a gestão do chefe do Executivo Municipal. Em junho, a Executiva do PL abriu processo administrativo para avaliar a conduta do parlamentar.

“Fui intimado pelo PL que fui suspenso por 12 meses do partido. Fui suspenso por 12 meses por expressão, pelo uso das minhas prerrogativas como vereador de manifestação do pensamento” afirmou na Tribuna. Ele tem de deixar comissões da qual faz parte, por exemplo. Montenegro é presidente da Comissão de Segurança Pública. Ele afirmou que irá judicializar a questão. "Considerando a perseguição interna, vamos ingressar com o pedido de saída da sigla por justa causa," disse.

O vereador criticou o presidente do PL. “Preciso citar o Motta, que nem sabia que ele era de direita”, disse.

O documento do PL cita uma representação de filiado ao partido contra Montenegro por sua conduta em relação ao prefeito e o vice em reunião da Frente Parlamentar sobre mudança do Centro Pop. Cita, ainda, fato de o vereador ter votado contra projeto de lei do prefeito que abriu crédito de R$ 200 mil para a RioPretoprev, inclusive para pagamento de salários de comissionados."

Conselho de Ética arquiva representação

O Conselho da Câmara arquivou nesta terça-feira representação do vice-prefeito de Rio Preto e também secretário de Obras, Fábio Marcondes (PL), contra Montenegro.

Marcondes pedia aplicação de penalidade, seja por suspensão ou por até mesmo abertura de processo que poderia resultar em perda de mandato. O Conselho é presidido pelo vereador Anderson Branco (Novo). Também integram o colegiado Bruno Marinho (PRD), Bruno Moura (PRD), Celso Peixão (MDB) e Francisco Júnior (União Brasil).

Montenegro apresentou um pedido de impeachment contra Marcondes na Câmara por conta do caso de injúria racial contra segurança do Palmeiras. O pedido foi rejeitado em Plenário. Na época, Marcondes havia sido indiciado pela polícia. O vice-prefeito virou réu a partir de denúncia do Ministério Público. A defesa do vice nega que tenha utilizado termo de cunho racial. Na postagem da Montenegro estava escrito “É hora de tirar um câncer de Rio Preto”.

Segundo a reportagem apurou, o Conselho decidiu que as falas e postagens teriam cunho político.

“Satisfeito em ver que o Conselho, ao apreciar meu recurso, percebeu o erro e a vergonha que seria acatar uma denúncia desta”, afirmou Montenegro.