Diário da Região
PRESSÃO POR IMPEACHMENT

Políticos de direita fazem ‘dossiê Moraes’

por Agência Estado
Publicado em 01/08/2025 às 21:36Atualizado em 02/08/2025 às 00:40
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Um grupo de políticos da direita criou um website chamado Dossiê Moraes, que lista uma supostos abusos cometidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no cargo e mobiliza a população a pedir o impeachment do juiz.

A iniciativa é encabeçada pelo vereador de Curitiba Rodrigo Marcial (Novo) e outros políticos do Novo, como o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (PR), o senador Eduardo Girão (CE) e o deputado federal Marcel van Hattem (RS). Também apoiam advogados que fazem parte do julgamento de tentativa de golpe de Estado, como Jeffrey Chiquini, também filiado ao Novo.

“O Dossiê Moraes é um arquivo cívico, independente e colaborativo em esforço de documentar, de forma sistemática, os abusos do ministro Alexandre de Moraes que afrontam garantias fundamentais e o império da lei no Brasil, com o propósito último de subsidiar um eventual pedido de impeachment”, diz o grupo.

O site elenca episódios em que Moraes teria violado princípios (como os da moralidade e dignidade da pessoa humana), aponta a possível existência de crimes de responsabilidade, compila notícias e opiniões sobre o fato.

O último elencado, que seria a violação de número 77, menciona a foto feita pelo Estadão em que Moraes mostra o dedo do meio em jogo do Corinthians contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil na quarta-feira, 30.

Para o grupo, Moraes poderia ter violado os princípios da moralidade, da impessoalidade e da dignidade da pessoa humana e cometeu crime de responsabilidade (por “proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções“) neste dia, o que é passível de impeachment.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentam crescer a pressão contra Moraes num momento em que o Congresso Nacional retomará as atividades na próxima semana. Sem a perspectiva de aprovação de anistia no curto prazo, a artilharia se volta ao ministro do Supremo.

Na quarta-feira, Moraes foi alvo de sanções dos Estados Unidos por meio da Lei Magnitsky. No retorno das atividades da Corte nesta sexta-feira, 1º, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, iniciou a sessão de retorno das atividades do Judiciário com um discurso de solidariedade ao colega.

“Do início da República até o final do regime militar, a história do Brasil foi a história de golpes, contragolpes, rupturas e tentativas de rupturas da legalidade institucional”, afirmou Barroso.

'COVARDE 

Também na sessão, Moraes adotou um tom duro e chamou de “covarde e traiçoeira” a “organização miliciana” que tem atuado para impor sanções norte-americanas ao País e a autoridades brasileiras com o objetivo de frear o julgamento da ação penal que pode condenar Bolsonaro a até 43 anos de prisão.

“Estamos vendo diversas condutas dolosas e recorrentes de uma verdadeira organização criminosa que, nunca vista antes na história do País, age de maneira covarde e traiçoeira para submeter este Supremo Tribunal Federal ao crivo de uma Estado estrangeiro”, disse Moraes.